Ernesto Rodrigues texts
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“Lautari”
designa, na terminologia dos ciganos da Roménia, “aquele
que improvisa”, o músico ambulante que aprende escutando
os mestres. É também a designação escolhida
por este trio de Lisboa, que escolheu, entre todas as formas musicais
disponíveis, aquela que, pelo menos em Portugal, se afigura como
a de maiores dificuldades, tanto em termos de prática como de aceitação
junto do grande público. Formado no ano de 1994, em Lisboa, o grupo
encontra-se neste momento na fase de procura de plataformas de trabalho
viáveis e que se coadunem com as respectivas personalidades, necessariamente
diferentes e, por vezes, contraditórias entre si. Num campo de
manobra cheio de minas e na mira de não poucos preconceitos auditivos,
os Lautari conseguiram para já assegurar a sua subsistência
como grupo, não abdicando das suas convicções a favor
de um impacte mais imediato no consumidor médio. Escolheram a improvisação,
“pelo risco” e “por uma necessidade de comunicação”,
como acontece com José Oliveira, que afirma “não ter
tempo, nem jeito, nem pachorra, para dizer alguma coisa enquanto na simples
posição de intérprete”. José Oliveira,
que, no passado, já tocou com o trompetista Sei Miguel e com Celso
de Carvalho, faz suas as palavras do percussionista inglês Roger
Turner, quando este diz que a música é “uma forma
de guerrilha”, embora faça questão de frisar que,
“já na música barroca, se incluía uma margem
significativa de improvisação”. A audição
de nomes como Evan Parker, Barry Guy, Paul Lytton, Paul Lovens, Derek
Bailey, representantes da free music inglesa dos anos 60 e 70, mas também
Archie Shepp, Ornette Coleman ou Eric Dolphy, foram determinantes na génese
da estética perfilhada pelos Lautari. “A persistência
em fazer este género de música”, diz Carlos Bechegas,
que, entre outros, já tocou com Carlos Zíngaro e numa das
derradeiras formações do Plexus, “deve-se a uma certa
impaciência de alguns músicos para se relacionarem com as
partituras”, a par da exigência de “uma criatividade
específica”, que dá para conseguir “uma certa
dinâmica de resultados, impossível de obter por outros meios”:
“Se se faz uma improvisação que a seguir é
escrita, mesmo se os “virtuosos” forem tocar aquilo –
que são as mesmas notas -, não resulta da mesma maneira
do ponto de vista dinâmico. Quando se improvisa, tem-se a sensação
de encontrar uma coisa pela primeira vez”. Uma opção
que acarreta uma enorme dose de responsabilidade e de entrega total à
música, já que a espontaneidade absoluta e a sintonia perfeita
entre os instrumentistas nem sempre acontecem quando se quer e nos locais
programados. Ernesto Rodrigues fala nos ensaios como “ateliers de
improvisação, ideais para desenvolver a linguagem colectiva
e os métodos de execução instrumentais do grupo.
Depois, no palco, o que é preciso é esquecer tudo isso e
entregar-se por inteiro à inspiração do momento.
Em nome de uma certa virgindade, como se cada nova apresentação
fosse sempre uma primeira vez”. “O que define, entre outras
coisas um bom improvisador”, conclui José Oliveira, “é
a sua capacidade de reacção, em tempo real, no instante,
e de forma adequada e criativa, aos estímulos que recebe de outrem.
E isto é uma forma de composição, composição
instantânea”. Fernando Magalhães
Creative
Sources (www.geocities.com/creativesources_rec) A
linguagem é fonte de mal entendidos, mesmo quando a formulação
se rege de acordo com a sintaxe, e segundo os preceitos gramaticais correctamente
as grelhas de interpretação são subjectivas e sujeitas
a variáveis de interpretação. A linguagem dos sons
ainda mais, pois rege-se por métricas e lógicas que lhe
aumentam exponencialmente as potenciais capacidades receptoras. Imagine a blank surface. Now think how it would look if you cut with a knife some traces and little holes on it. You have a visual texture now, something to see but at the same time something that reminds you of the nothingness of the surface. That's exactly that what Ernesto Rodrigues, Alfredo Costa Monteiro, Guilherme Rodrigues and Margarida Garcia do with silence. Their knives are sounds - the "incognito" sounds that a conventional musical instrument can produce, even if it's impossible to notate them - and what they do is textures. Maybe you don't want to call painting a texture made with a knife (or maybe you do), and this quartet is indifferent to the doubt if this is or isn't music. The question isn't really important, and you must know by now that there's an imense artistic territory to explore before music and after music - music is only one way to do... well, let's call it music. Ernesto says, amused, that «Cesura» (one of the Portuguese words to say "cut") is his less musical work. Amused, certainly, but with the subversive feeling of someone carrying a knife in the hand. Rui Eduardo Paes The violinist Ernesto Rodrigues is a major improviser from Portugal on his own, but combined with his son Guilherme Rodrigues on cello he is part of one of a deeply expressive example of family bonding through creative music. Anyone would agree who has seen a live or filmed performance of the two in action onstage, the father crouching over his son somewhat akwardly in the throes of spontaneous composition but looking a bit like he is trying to smell the kid's breath for alchohol—not that a Portugese father would do such a thing. The senior Rodrigues has been active in avant garde music for several decades, aligning himself with many revolutionary forms of expression including micro-tonal tunings and the art of "preparing" stringed instruments by actually altering their physical structure. The violinist has performed with many groups on the Lisbon avant garde scene, most notably the ensembles Assemblage and Ficta. In the latter trio, the Rodrigues father and son work together with percussionist José Oliviera. The senior Rodrigues started in the direction of free improvisation groups such as this when he came in contact with the type of avant garde classical scores that are often described as "indeterminate," meaning quite a few of the details of the actual performance are left up to interpretation and/or serendipity. Rodrigues was also influenced by electronic music, like many improvisers on traditional instruments relishing the challenge of utilizing their axes to match, sound for sound, the noise coming out of plugged-in equipment. The violinist has performed for films, dance, performance-art projects and video as well as in concerts and on recordings. In 1999 he started up his own label, Creative Sources. Eugene Chadbourne Introduce. The days of liner notes that merely provide a description of the music an album contains are long gone – we no longer need to be told how to listen, nor what to listen for – but when it comes to titles, hmm, maybe those words are important after all.. Ernesto Rodrigues – whose Creative Sources imprint is fast becoming one of Europe's essential labels in the domain of improvised music – could easily have chosen some gloriously rugged Portuguese sonorities and had us scurrying to our dictionaries in search of clarification, but instead has borrowed a French noun from the world of photography – "contre-plongée" translates as "low-angle shot", and the associated expression "en contre-plongée" means "from below" – and, to describe the six pieces on offer, the venerable English word "cut". Discuss. Elaborate. In the past ten years, practitioners of improvised music, finally severing the putrescent umbilical cord that attached the genre to its distant transatlantic parent, free jazz, have pushed the technique envelope of traditional acoustic instruments beyond all recognition – as if the instruments themselves have been approached from another angle altogether, as if seen from below.. Illustrate. One need merely draw up a list (woefully incomplete, at that) of standard instruments and namecheck the musicians whose furious innovation has taken them to another level altogether: trumpet (Axel Dörner, Greg Kelley, Franz Hautzinger and Matt Davis – to name but four!), trombone (Thierry Madiot..), tuba (Robin Hayward..), flute (Jim Denley..), oboe (Kyle Bruckmann..), clarinet (Kai Fagaschinski, Isabelle Duthoit..), soprano saxophone (Bhob Rainey, Alessandro Bosetti, Stéphane Rives..), violin (Mathieu Werchowski, Angharad Davies, Kazushige Kinoshita..), viola (Charlotte Hug..), cello (Martine Altenburger, Nikos Veliotis, Mark Wastell..), double bass (David Chiesa, Mike Bullock..), piano (Frédéric Blondy, Sophie Agnel, Andrea Neumann..), not to mention harp (Rhodri Davies..) and accordion (Alfredo Costa Monteiro..). And, en contre-plongée, let's add the names of Ernesto Rodrigues (violin and viola), Gerhard Uebele (violin), Guilherme Rodrigues (cello) and José Oliveira (bowed acoustic guitar and inside piano). Extend. "String quartet" needs some explanation too, then; the classical string quartet consists of two violins, viola and cello, but as Ernesto Rodrigues plays both violin and viola (though presumably not at the same time..) one could argue that the line-up here is a classical string quartet compressed into a trio. There's a wild card though, in the form of Oliveira – guitar passes as a stringed instrument, sure, but the piano is a percussion instrument, right? Conclude. Which takes us to "cut" – as in surgical intervention, or – to pursue the cinematic analogy – stop shooting: break, rethink, start again, remake, remodel. Why should the piano be a percussion instrument (one can, after all, bow those strings) and why should a violin not be a percussion instrument (it's about time we dispensed with "percussion" altogether – friction would be more appropriate..)? Cut, yes, time to take the scissors to the map, prepare a landing strip for the string quartet of the 21st century. Listen. Dan Warburton (www.paristransatlantic.com) Portugal’s Creative Sources has quickly become a must listen label. Focusing on music that sits in the cracks between European free improvisation and “lowercase sound” or “eai” music, label head and ace improviser Ernesto Rodrigues has kept up an active release schedule and built up an impressive catalogue of provocative improvisations. Jason Bivins (Signal to Noise) Ernesto utilizando todas y cada una de las partes del arco para sacar sonoridad a la viola, con apenas algún pasaje melódico, ha sabido estrujar su instrumento hasta el límite de hacerlo sonar con una balleta de esas de metal, las que tan bien rascan los restos de las sartenes, y que en sus manos han rascado todos los restos posibles sonoros que puede haber en un instrumento de cuerda-madera, optando por mostrar una faceta totalmente expresiva más que musical. Sadhu, Septiembre 2004, Madrid (España) Creative Sources Recordings was founded by Ernesto Rodrigues in 1999, but the first record was released in 2001. In the beginning the label's task seem to record its owner's activity (he appears on half of the cds). It's intelligible because Ernesto, active for twenty years musician (violinist, improviser, composer) wasn't favoured to release records as a leader. It has to be accentuated that increasing amount of records didn't decrease the quality of music. Ernesto Rodrigues hasn't forget about other musicians. Soon, in cd catologue (14 records so far) appeared records by new artists (not only form Portugal). Rodrigues focused on music from the space between improvisation, electroacoustic and so called "new music" (mostly specific comprehended chamber music). Tadeusz Kosiek (http://www.diapazon.pl/) About a year ago, I first reviewed a Creative Sources disc for Dusted and noted that improvised music would be nothing without local scenes and the labels dedicated to documenting them. That’s still true. But when people start to take notice, the next level is the formation of links with other scenes. The Lisbon-based label – run by Ernesto Rodrigues, an excellent improviser who plays on some of the label’s releases – has made that next step. Along with labels like Erstwhile, For4Ears, Confront, Meniscus, and Potlatch, this imprint is documenting some of the finest “lowercase” improvisation around and has become a label with a strong track record and a global focus. Their release schedule has really picked up of late too. In fact, they’ve just dropped a quintet of recordings featuring a fairly broad array of European improvisers. Many readers won’t be too familiar with the majority of the players. That deserves to change. […] Taken as a whole, this quintet of discs is pretty satisfying. While some clearly work better than others, they give improv freaks some insight into what’s happening in some lesser-known European scenes. They also confirm the strength and identity of this excellent label. Jason Bivins (Dusted) Três dos melhores improvisadores nacionais reencontram-se para abordar um programa de música composta no momento em que é executada. Micro-climas sonoros criados em tempo real, que permitem investigar novas formas de combinação e organização sonora. O concerto de Ernesto Rodrigues, Manuel Mota e José Oliveira, ontem à noite na Trem Azul – a que assisti apenas parcialmente – naquilo que me foi dado ver e ouvir, cumpriu plenamente as expectativas. O som do trio é muito coeso e a sala da Trem Azul possui boas condições acústicas para a prática musical, em particular para este tipo de contextos, pequenas formações de improvisação livre, que induzem e facilitam uma relação de grande proximidade - de intimidade até - entre artistas e público. Musicalmente, o trio atingiu um elevado nível de maturação e desenvolvimento, evidenciando a prática de tocarem juntos, cujos resultados são conhecidos das gravações para a Creative Sources, editora portuguesa criada por Ernesto Rodrigues. Os músicos interagiram bem, construindo um discurso atravessado por uma poética que vai do silêncio à brusca explosão, numa linha estética que se filia na livre-improvisação europeia - em particular da escola de Londres, pós Spontaneous Music Ensemble (SME), profusamente documentada pela editora EMANEM - com referências à música de câmara contemporânea. Manuel Mota afagou, percutiu e esfregou as cordas, transformando a guitarra num instrumento cujo primeiro resultado é a produção de texturas, ora rugosas e ásperas, ora suaves e aveludadas, com enorme variação de cor e forma, que se misturam com a manta de percussão que José Oliveira estendeu, encolheu e voltou a estender. Estruturas flexíveis sobre as quais a liquidez sonora do violino de Ernesto Rodrigues teceu malhas recortadas a partir de uma imensa variedade de técnicas de execução do instrumento. A electrónica, usada com parcimónia e integrada na paisagem, contribuiu menos para a alteração ou modificação sonora, que para adicionar novos significados e um certo efeito de transparência sobre os procedimentos em curso. Música fragmentária e descontínua, mas assinalavelmente coesa e estruturada em regime de construção em tempo real, cheia de incidentes e surpresas a cada volta. Na música de Rodrigues, Mota e Oliveira, todos os sons e silêncios são válidos, pertinentes e fazem sentido, na sua totalidade como no mais ínfimo detalhe. Eduardo Chagas (Jazz e Arredores – à sombra de Ra) Violinista e manipulador de electrónica, Ernesto Rodrigues tem-se afirmado nos últimos anos como uma das figuras de proa da actual cena improvisada portuguesa. Não obstante a robusta discografia de que é senhor, na sua maioria disponibilizada pela creative sources recordings, a editora que dirige desde 1999, Rodrigues ainda está longe do reconhecimento que há muito vem justificando. Na sessão às escuras que lhe propusemos, e cujo grau de dificuldade poucos deixarão de reconhecer como (pelo menos!) distante do acessível, tentámos cobrir as suas principais áreas de interesse: Jazz, Livre Improvisação, Electrónica e Clássica Contemporânea. Aqui ficam então os principais momentos. […] João Aleluia (Jazz.pt)
As últimas edições da portuguesa Creative Sources testemunham que algo se está a passar no sector da criatividade sonora a que demasiado apressadamente (percebemos agora) se chamou "reducionismo". Já se discutia se esta frente da improvisação reduzia, de facto, os materiais da sua produção musical até às proximidades do silêncio, ou se, pelo contrário, o que se pretendia era somar algo ao zero. Pois o que nos oferece a maior parte destes discos - e creiam que a editora de Ernesto Rodrigues se tornou mesmo no barómetro das evoluções ocorridas nesta família - comprova que os tais "reducionistas" são cada vez mais "acrescentacionistas". Com uma tónica mais electroacústica do que alguma vez esperaríamos de um catálogo que parecia apostar nos novos improvisadores acústicos, é a toda uma mudança de parâmetros que assistimos. Se antes o trabalho das texturas era uma característica genérica, agora verifica-se já uma acentuação no labor tímbrico e no plano harmónico, o que, se aproxima mais estas práticas das correntes preocupações da música escrita contemporânea, liberta-as também do que parecia estar a converter-se numa cartilha. A recusa do fraseado e da nota convencional e o microtonalismo mantêm-se, mas o estado presente desta prática deixou de lembrar a "action painting" de Pollock para nos remeter às manchas pictóricas de Rothko, com a rarefacção dos sons a ser contrariada, muitas vezes, pela disposição de "drones" e até pela sobreposição de camadas de elementos, tão transparentes quanto aguarelas, decerto, mas valorizando a densidade. O próprio volume auditivo subiu, o que até era previsível face ao crescente desejo de evidenciar os mais pequenos pormenores do mundo microscópico em que esta música tem vivido, por meio de microfones de proximidade e de contacto no que aos instrumentos tradicionais diz respeito. […] Rui Eduardo Paes (Ananana Newsletter) […]
If the gallery works for the aformentioned groups as a new place for both
creative relief and inspiration, for 45 year old violinist Ernesto Rodrigues
it’s been the one concert space in town where his shows have regularly
taken place. A militant label owner, promoter and generous curator of
collaborations, Rodrigues is now more than used to having to find his
own solutions to present his work. He set up the Creative Sources label
to put out his own music, and since the label’s first release (2001’s
Multiples), he has established himself as one of the most accomplished
improvisors in the lowercase/near silence circuit. The
unflaggingly energetic Portuguese label continues its chronicle of new
areas of free improvisation, as Jason Bivins attempts to keep up. Violinista / violista de formação clássica e interesses que vão da música contemporânea (é um habitual frequentador dos seminários de Emmanuel Nunes) ao free jazz e à livre-improvisação, Ernesto Rodrigues tem protagonizado uma abordagem reducionista e de "near silence" em que a nota é substituída pelo som puro (ou pelo ruído) e a estrutura pelas texturas, com deflagração dos fraseados em elementos atomizados, quase total desaparição dos três factores essenciais da musicalidade convencional (melodia, harmonia e ritmo) e utilização de microtons ou total atonalidade. Rui Eduardo Paes […]
A música é também isso, um sentido para os sons e
silêncios, a harmonia desses resultante, ou a desarmonia. Ernesto
Rodrigues and Manuel Mota may be standing on top of a very strong tradition
in what concerns the relations between an arco string instrument and a
guitar: the one introduced before the Second World War in improvisation
by Stephane Grapelli and Django Reinhardt with the Quintet of the Hot
Club de France. They certainly come from that heritage, even if aesthetically
we can’t find any other common point besides the same naturalness
in terms of sound and interaction. Like what happened with those two great
figures, the extraordinary thing is that Rodrigues and Mota backgrounds
couldn’t be more different. The violist had classical training and
went through free jazz before arriving to the non-idiomatic music he now
embraces, and the guitarrist learned to pluck his ax by himself, moving
his path from a minimalist-like drone work and re-discovered fingerstyle
in the Delta blues based music. Ernesto Rodrigues essaie de présenter l’éventail le plus large et le plus remarquable de cette scène qui a étendu ses ramifications un peu partout de Londres à Oslo et de Tokyo à Paris. Il privilégie l’ouverture le plus large possible dans cet univers sonore où les choix musicaux sont fondés sur la restriction et la volonté d’étendre la palette en se limitant à un aspect bien précis du jeu instrumental. Parfois tellement restrictif et limité que cela peut déboucher sur l’ennui. Mais l’ouverture à ces nouveaux sons chez Rodrigues est très éloignée de toute forme de dogmatisme et de complaisance. Il suffit de mesurer la diversité des disques Creative Sources pour s’en convaincre. Jean-Michel van Schouwburg A
Trem Azul, prosseguindo a bem-aventurada série de concertos que
tem vindo a promover ao fim da tarde (19h30) na sua Jazz Store, em Lisboa,
acolheu desta vez a estreia mundial do Sexteto de Cordas, dirigido por
Ernesto Rodrigues. Além do violista e director, a formação
inclui Manuel Mota, guitarra acústica; Pedro Costa, violino; Hernâni
Faustino, contrabaixo; Eduardo Raon, harpa; e Guilherme Rodrigues, violoncelo. Assentem este nome: Creative Sources Recordings. É uma editora discográfica portuguesa, dirige-a um músico e não um comerciante, Ernesto Rodrigues, e tornou-se no "pivot" das novas tendências internacionais da improvisação acústica e electroacústica, do chamado reducionismo (tocado a um nível muito próximo do silêncio ou integrando mesmo este nas suas construções) ao "noise" que não confunde a utilização de sons declaradamente não-musicais com descargas de adrenalina e testosterona. Possuidora de um longo catálogo de lançamentos que inclui nomes de três continentes, Europa, América e Ásia, esta etiqueta funciona mesmo como o termómetro que assinala o que vai mudando estética e tecnicamente nestas áreas. E com isso está a fazer história, pois nada de semelhante aconteceu antes com um empreendimento português do género. E o curioso é que outras "labels" nacionais seguem já o mesmo caminho, a Clean Feed no que respeita ao novo jazz e a sirr no domínio da electrónica. Não obstante tudo o que de mau tem havido por cá, Portugal está a dar cartas, com o reconhecimento, a atenção e o entusiasmo até da imprensa musical, dos canais de distribuição e dos melómanos de outros países. Os nossos parabéns. Rui Eduardo Paes (Ananana Newsletter) […] The first group, assembled by violist Ernesto Rodrigues, were very quiet, with sounds from prepared strings, mouthpiece-less soprano sax and trumpeter Masafumi Ezaki, who at one point drags his instrument across a drum head to make little noises. When Ezaki plays a sustained note, it seems almost perverse. There are beautiful sounds and ugly ones. […] John L Walters (The Guardian) Enquanto
atravessava o Bairro Alto a caminho da ZDB para assistir ao concerto da
Variable Geometry Orchestra, dizia para os meus botões esperar
uma sessão de livre-improvisação clássica,
em passo lento e muito jogo a meio-campo. Surpresa! Adianto já
que foi um dos melhores concertos a que assisti este ano. A
Orquestra de Geometria Variável é um projecto liderado por
Ernesto Rodrigues, incansável dinamizador na cena da música
improvisada nacional. A par com a coordenação da editora
Creative Sources (a desenvolver um trabalho cada vez mais notório),
mantém uma série de projectos em simultâneo. Há
um par de semanas Ernesto estreou o Sexteto de Cordas (notável
ensemble acústico onde se destaca a inclusão de uma harpa)
e no sábado foi a vez de levar a Orquestra VGO à Zé
dos Bois. Se há coisa que mais distingue as novas práticas da improvisação das “mainstream”, sem ser a utilização do silêncio e o abandono da narratividade nas execuções instrumentais, é o facto de os seus protagonistas preferirem deixar-se levar pelo fluxo dos eventos sonoros em vez de os dirigirem – aliás, a preocupação da “velha” música improvisada com a conclusão das peças chega a ter dimensões algo neuróticas, dada a necessidade sentida de conduzir as situações a todo o custo, seja segundo o modelo estático herdado do free jazz coltraneano, no qual o fim é sempre implicado, ou segundo o padrão desenvolvimentista, cujas mudanças de direcção e de intensidade (as tão irritantes subidas e descidas) justificam o uso do termo “composição imediata” e que, parecendo deixar o final “para depois” no ziguezaguear ou no subir e descer das suas estruturações, não fazem mais do que o anunciar. Pois os chamados “reducionistas”, de que a portuguesa Creative Sources Recordings se tornou no principal porta-voz, não compõem, limitando-se a tocar o que ouvem e a ouvir o que tocam, de tal modo que o tocar é a extensão do acto de ouvir. Os mais recentes lançamentos da editora são exemplos muito concretos desta perspectiva a-linear da música, e se em muitos casos é mesmo de supor um alheamento relativamente a tudo aquilo que define a música enquanto tal, ainda que encarada apenas como “organização de sons” (quase total ausência de dinâmicas, inexistência de repetições, opção pelas parasitagens sonoras e pelo ruído, ou seja, pelos sons não-musicais), a musicalidade surge como uma citação e uma lembrança, na forma de um tom, um breve fragmento de melodia, um harmónico ou uma pulsação, a música remanescente no interior de uma invocação directa (porque não mediatizada musicalmente) do Som, chamada a intervir não para definir ainda estas práticas como coisa musical, mas precisamente para salientar por contraste esse outro estatuto. […] Rui Eduardo Paes Concerto
na Trem Azul Jazz Store. Programado para as 19h30 de 16 de Dezembro, estava
o sexteto de Ernesto Rodrigues, passado circunstancialmente a quinteto
por impossibilidade prática de participação de Sei
Miguel. Com Ernesto Rodrigues (viola, violino) alinharam Manuel Mota (guitarra
eléctrica); Alípio Carvalho Neto (saxofone tenor); Guilherme
Rodrigues (violoncelo, trompete de bolso) e Elsa Vandeweyer (vibrafone,
percussão). Músicos que colocaram cá fora todo o
seu potencial, no puro prazer da alma que é dar e receber –
tudo aquilo que o diferencia do “negócio” corrente,
o deve e haver da hodierna mediocridade contabilística. Sons mil
correram de um lado para o outro em aparente auto-gestão. Difícil
é tornar isto num sistema, uma linguagem articulada e compreensível.
Mais ainda, quando o verbo nasce, projecta-se e interage com os outros,
tudo no mesmo momento, que já é passado ainda mal se esboçou.
O quinteto soube fazê-lo com sagacidade, dando ao som um corpo,
sangue, ossos, músculos, pele e vida própria. O todo, sinergeticamente,
foi superior à soma das partes, numa alegoria de sociedade em rede,
na qual a comunicação multipolar circula em todos os sentidos,
sem um centro tonal ou difusor para além da direcção
e das vozes que lhe atribuem o sentido de ente organizado. É a
auto-regulação que põe ordem na comunidade específica
de discursos e registos, diferentes na sua singularidade, os quais, para
se entenderem entre si e fazerem-se entender pelo público, têm
que falar um dialecto comum. E falaram. Ontem foi dia para a comunidade "improv" nacional mostrar a sua vitalidade. A loja Trem Azul recebeu um quinteto liderado por Ernesto Rodrigues, que para além dos habituais acompanhantes Guilherme Rodrigues e Manuel Mota, incluiu dois elementos roubados ao grupo jazz IMI Kollektief: Alípio Neto e Elsa Vanderweyer. Ao contrário do que é habitual nas formações de Rodrigues, desta vez as propostas de aproximação ao silêncio foram abandonadas, em vez disso o grupo deu uma sessão de música free potentíssima. O princípio de noite de sexta-feira observou um espectáculo de música livre intensa, onde os sopros (Alípio no tenor, Guilherme no trompete de bolso) foram determinantes. Nuno Catarino (A Forma do Jazz) Na terça-feira, o violista Ernesto Rodrigues - acompanhado por Guilherme Rodrigues (violoncelo), Masafumi Ezaki (trompete), Alessandro Bosetti (saxofone) e Angharad Davies (violino preparado) - comandou um barco cuja música parece, muitas vezes, um navio de madeira no alto-mar. As madeiras que rangem, incham, chocam, estalam, o vento e o mar ali perto, a eminência de uma tempestade que não chega a acontecer. António Pires (Blitz) Over all, Creative Sources is an average label, releasing primarily experimental jazz, improv, indie, and experimental music. However, the downside to this, is alot of the stuff is similar in sound due to the label owner Ernesto Rodrigues participating in alot of the releases. So, to the new-comer to this label, it may come off as a bit tedious. However, apart from that only 'flaw', the label has managed to release alot of excellent and unique music over the years. (Discogs) [...] Ao lado de gente como Carlos Zíngaro ou Carlos Bechegas fez a história da música improvisada em Portugal. Actualmente gere a editora Creative Sources Recordings, que apesar da reduzida dimensão já editou alguns dos mais importantes músicos europeus e já se tornou uma referência da música improvisada mundial – apesar de em Portugal ser quase desconhecida. Já tocou com músicos de renome internacional como Tetuzi Akyiama ou Hans Koch e actua regularmente em Lisboa apresentando uma variedade imensa de projectos onde a música é concentrada à sua essência e surge livre como necessidade vital. Se neste momento podemos dizer que há uma certa visibilidade para a música improvisada em Portugal, muita da responsabilidade é devida a este homem, improvisador e impulsionador, Ernesto Rodrigues. Nuno Catarino (Bodyspace) Ernesto Rodrigues’ fine—and very productive—Creative Sources imprint has rocketed into the forefront of improv imprints specializing in various strains of electroacoustic and “lowercase” musics (the labels are oft-debated, so insert asterisks as you please). The latest batch of releases isn’t as consistent as one might hope for, but there are still many rewarding discs, some exceptional moments, and a much-appreciated opportunity to hear new musicians at work. Jason Bivins (One Final Note) Neste passado sábado a loja Trem Azul foi palco de um espectáculo de música improvisada que reuniu músicos de Madrid e Lisboa. Sob a designação AA Tigre & Free Improvisors, juntaram-se no palco sete músicos que desenvolveram uma notável sessão de improvisação centrada em aproximações ao silêncio, onde a concentração colectiva foi impressionante – ainda mais admirável porque foi a primeira vez que tocaram juntos. A orientação era dada pelos sopros (Andres Velazquez em sax tenor/flugelhorn e Jesus Ramirez na tuba) ao lado de Ernesto Rodrigues (viola/violino), seguindo-se as sugestões oportunas do violoncelo de Guilherme; o clarinete juntava-se às sugestões dos sopros, formando um trio que quase não tocou notas, apenas efeitos; as guitarras (eléctrica e acústica preparada) acrescentavam outros efeitos, por vezes quase imperceptíveis. Depois de dois primeiros temas extremamente sossegados, houve espaço para descomprimir no tema final, com crescendos um pouco mais abrasivos. Inesperadamente, uma união ibérica em improvisação reconfortante. Nuno Catarino (A Forma do Jazz) O
violinista e improvisador português Ernesto Rodrigues anda numa
roda viva. Depois dos concertos em Lisboa que fará nos próximos
dias (ver detalhes), a 22 de Janeiro inicia uma estada em Berlim (Ausland),
onde realizará concertos até 1 de Fevereiro, com o guitarrista
luso Manuel Mota. O grupo constituído pelo norte-americano Wade Matthews, por Bechir Saade e pela dupla Rodrigues (Ernesto e Guilherme) forjou uma sessão de extrema de lowercase, sustentada na concentração do quarteto que optou por seguir numa estrada permanente de baixa latitude, sem medo do silêncio - acima de tudo, notou-se uma permanente consciência colectiva. Nuno Catarino (A Forma do Jazz) A
música que os portugueses Ernesto Rodrigues e Guilherme Rodrigues
(viola e violoncelo, respectivamente), o norte-americano Wade Matthews
(flauta alto, clarinete baixo e laptop) e o libanês Bechir Saade
(clarinete baixo, nay) tocaram na primeira parte do duplo concerto dia
17 de Janeiro, na Trem Azul, aproxima-se esteticamente de algumas correntes
da composição contemporânea. Explorações
musicais em que cada fragmento sonoro encerra conjuntos maiores ou menores
de outros sons, harmónicos insinuados pelas cordas contra e a favor
dos sopros, contrastando altas e baixas frequências em movimento.
Música que em grande medida explora a gestão do silêncio
como ausência de som (que não é o mesmo que ausência
de música), a frase que se começa a desenhar mas que se
deixa propositadamente inacabada, encaixa noutra de imprevisível
origem, duração e direcção, que instiga a
formação de contrastes e aproximações, matizes
diversos de sombra e luz, cambiantes que se mesclam e complementam, notas
soltas para quem as quiser apanhar e passar a outro. Ruídos cageanamente
integrados na paisagem sonora, construção, ruptura, inflexão,
acervo de assimetrias discursivas que se estabelecem propositadamente
ao acaso, indeterminadas e instantâneas. O
Hot Clube é o local sagrado onde religiosamente se reúne
e convive a comunidade do jazz português - de um certo jazz, melhor
dizendo, já que o HCP tem preferência por artistas e sonoridades
mais clássicas e regulares e por norma desdenha quem se aventure
em liberdades maiores. Apostado numa programação canónica,
são raras as vezes que vemos a cave da Praça da Alegria
arriscar projectos free. Foi por isso que nesta passada quarta-feira assistimos
com muito prazer à apresentação do auto-denominado
“Free Nonet”. Acaba de ser editado o mais recente trabalho do violinista Ernesto Rodrigues. Esta edição é um duo com o alemão Hans W Koch, editado pela netlabel CtrAltCanc. "Nostalgia" é o resultado da combinação de ideias de uma dupla que gera um evoluir constante de texturas que se alimentam progressivamente. Hans W Koch manipula a lógica electrónica, pela intromissão de bips e blips numa cadência marcadamente irregular. Ernesto Rodrigues introduz outros elementos, por vezes registos suaves, outras vezes arrancando à força da viola rangidos da madeira. Seguindo a clássica estética lowercase, raramente a música sobe o volume – uma das raras ocasiões em que tal acontece é no crescendo final da primeira peça. Entre as quatro faixas que preenchem esta edição, "Nostalgia" prende pela atenção microscópica que é dada ao detalhe, a cada instante sonoro, a cada ínfimo pormenor. E, apesar de se tratar de uma parceria, o produto final soa coerente e coeso. Nuno Catarino (A Forma do Jazz) Ernesto Rodrigues has, of all players in the field of non-idiomatic improv, been the most manifest on the internet, with what is now already his third net-label release (also having his music out on ctrl-alt-canc and Stasisfield). Within this present constellation (together with Libanese avantists Christine & Sharif Sehnaoui) a musical universe is conjured which, lacking any figurative tendencies, can be characterised as a very hylic affair - dealing as it does with the 'lowest' portion of musical matter, letting for no instance of sublimation. The grittiness, the very elemental quality of the sonorities are something of a very coarse-definition blow-up of the respective instrument's material properties (being violin, guitar & saxophone), a white-noise produced by solely analogue mechanics. Under the stress & strain of several extended techniques the acoustic possibilities that these instruments intrinsically possess are elicited from the marrow of their material structure, which is not a pretty picture. It is, in fact, not a picture at all, but rather an instance of the deconstruction of Maya. Mark Pauwen Somam-se as novidades da portuguesa Creative Sources Recordings, uma das mais dinâmicas editoras independentes do mundo e arredores. E cada vez com maior presença de instrumentos eléctricos e electrónicos, comprovando que as novas tendências da improvisação já não privilegiam o instrumentário acústico convencional, aplicando-lhe técnicas extensivas ou alternativas. Rui Eduardo Paes (Ananana Newsletter) O concerto da Variable Geometry Orchestra de ontem à noite na ZDB foi um acontecimento altamente estimulante, tanto para quem tocou, como para quem assistiu. Uma hora inteira de música livremente improvisadada, em formato de big band, com um mínimo de organização da parte de Ernesto Rodrigues, que optou por conceder ampla liberdade aos vinte e muitos improvisadores, para fazerem fermentar o som e dar largas ao desenvolvimento da linguagem musical que já é própria desta orquestra. Uma vez mais, Hernâni Faustino e José Oliveira protagonizaram o papel da dupla de propulsionadores rítmicos do melhor que em Portugal existe no género. Souberam impulsionar o colectivo alargado para uma das suas mais interessantes e enérgicas prestações, que encontra referências tanto do jazz como da livre-improvisção. O que faz desta orquestra um caso único, felizmente repetível. Eduardo Chagas (Jazz e Arredores) Congregando
músicos das mais diversas proveniências, da electrónica
à livre improvisação e sem esquecer o jazz, a Variable
Geometry Orchestra (VGO), liderada pelo violinista Ernesto Rodrigues,
é uma formação de características únicas
no panorama das músicas improvisadas em Portugal. A
cada concerto, a VGO / Variable Geometry Orchestra renova-se em graus
que se assinalam e registam entre o ínfimo e quase imperceptível,
e o passo de gigante entre a formulação precedente e aquela
que já fica próxima no horizonte dos nossos desejos de liberdade,
movida por um motor potente que ruge nas suas expressões mais variadas,
criando jogos intermodais de abstracção profunda –
utopia de liberdade plena, reflectida num corpo orquestral com personalidade
em construção, mas em que habitam sinais identitários
próprios. Foram
boas as propostas apresentadas em série pelo trio que agrupou Alípio
Carvalho Neto, Luciano Vaz e Ernesto Rodrigues para uma sessão
de improvisação livre ao cair da tarde, intramuros da Jazz
Store da Trem Azul, à Rua do Alecrim, em Lisboa. [...] Para o fim do festival ficou guardada a actuação da Variable Geometry Orchestra. Esta orquestra, dirigida por Ernesto Rodrigues, apinhou o palco da loja Trem Azul com duas dezenas de elementos. Partindo da improvisação livre, a música segue através das múltiplas sugestões individuais, quebrando-se nas indicações (breves, sóbrias mas marcantes) do maestro Rodrigues. A estrutura da instrumentação deste grupo começa por sugerir uma aproximação ao free jazz (pela utilização de inúmeros sopros), mas acaba por enveredar por estéticas variadas – o que é derivado também da utilização de instrumentos menos usuais (tapes, acordeão, electrónicas). Se a multiplicidade de sugestões é enorme, a sua exposição acaba por ser reduzida, ficando comprometida pela sobreposição constante das vozes. Ainda assim há espaço para alguns momentos individuais - Alípio C. Neto, Sei Miguel, Peter Bastiaan ou Ernesto Rodrigues, por exemplo. Nas diversas formas de música que ali surgiram sobrepostas, a aposta VGO valeu enquanto laboratório de experimentação total. Foi um final de risco para um festival que conciliou músicos consagrados com outros ainda em crescimento, entre o jazz e a improvisação. Nuno Catarino (Jazz.pt) Trio de trombone, guitarra acústica e viola. Mathias Forge (trombone) e Cyril Epinat (guitarra acústica) músicos franceses de Lyon, em curta digressão pela Europa (segue-se Barcelona), encontraram-se com o violinista português Ernesto Rodrigues para uma sessão musical descontraída que compreendeu dois temas compostos e executados em directo. Assumida a iconoclastia face às várias tradições musicais que assentam no uso da melodia e das regras rítmicas e harmónicas da música ocidental – característica das novas correntes da improvisação livre – o trio, refractário ao uso do fraseado convencional, empreendeu a sua jornada musical tocando os instrumentos em toda a extensão, mais enquanto artefactos geradores de som, que na sua utilização tradicional. Tal abordagem incluiu os aspectos periféricos da execução, remeniscente da musique concrète (sons fragmentados que se aglutinam para formar um contínuo coerente) ou no granulado digital dos laptops, transposta, reformulada e adaptada para um ambiente acústico de baixo volume, a exigir do ouvinte total concentração para melhor apreciar os interessantes jogos de interacção tímbrica. Aconteceu terça-feira passada, 30 de Maio, na Trem Azul Jazz Store, em Lisboa. Eduardo Chagas (Jazz e Arredores) A
sexta sessão do ciclo “Der Gelbe Klang (O Som Amarelo)”
recebeu a denominação “Contraposições”
e agregou um quinteto de cordas. Foi uma ocasião rara para assistir
ao encontro entre dois dos maiores improvisadores portugueses contemporâneos,
ambos violinistas: Carlos Zíngaro e Ernesto Rodrigues. A estes
dois, juntou-se um trio multinacional: Noid (violoncelo, austríaco),
Ulrich Mitzlaff (violoncelo, alemão) e Miguel Leiria Pereira (contrabaixo,
português). Perante
um público interessado e entusiasta, a Variable Geometry Orchestra,
em formato de média dimensão (14 elementos) actuou ontem,
12 de Junho, à noite (22h00) ao ar livre numa praça do Centro
Histórico de Abrantes, no âmbito das festas populares que
ali decorrem de 9 a 14 de Junho, comemorativas dos 90 anos da elevação
de Abrantes a cidade. Dass die reduktionistische Improvisation in Lissabon mit dem Label von Ernesto Rodrigues (*1959, Lisboa) einen Brückenkopf gebildet hat, ist in BA immer wieder einmal kurz aufgeblinkt, mit 23 Exposures (CS 003), Ficta CS 005), Assemblage (CS 007), Tidszon (CS 014) & Kunststoff (CS 017). Neben Arbeiten der Labelmacher selbst, tauchten dabei Namen wie UNSK, Martin Küchen und Birgit Ulher auf. Was bisher aber nur Vermutung war, ist nun Gewissheit, Creative Sources hat sich zu einem kleinen Paralleluniversum der ‚stillen‘ Musik entwickelt, zu einem in Portugal lokalisierten, aber weltumspannenden Sammelbecken für Experimente am Rande des Hörbaren und des Beinahenichts. Dazu mit einem Hausdesign, meist von Carlos Santos, das feine Entsprechungen für die Klangwelten zu finden versucht. (Bad Alchemy) A
versão da Variable Geometry Orchestra que actuou sábado,
23 de Junho de 2006, no Teatro Nacional D. Maria II, no âmbito do
ciclo "Músicas no Átrio do TNDM II, à Meia-Noite",
deu bem a medida da reacção química que se produziu
durante os perto de 45 minutos que demorou a exposição de
música composta, harmonizada e executada em directo, sob a direcção
de Ernesto Rodrigues. Ernesto parametrizou a música através
de breves indicações dadas aos executantes sobre tempo,
dinâmicas e intensidade requeridas em cada um dos andamentos, desde
o início marcado pelo sincopado das baixas frequências da
electrónica de Adriana Sá, até à grande massa
sonora que explode, estilhaçando em todas as direcções.
Free jazz e improvisação orquestral ao serviço da
reinvenção do conceito de big band. Catarse colectiva apontada
em direcção ao espaço, com os mais diversos apontamentos
pelo meio, linhas cruzadas e sucessivas de duos, trios, quartetos, a que
se foram adicionando outros instrumentos, num trabalho colectivo de grande
envergadura. «Um concerto da VGO é um acontecimento cada vez mais intenso, marcante e exultante! Desta vez, foi a segunda coisa mais importante que me sucedeu desde o último concerto da VGO que vi, na Trem Azul (e que tinha sido o primeiro). Já agora, digo que a coisa mais importante que me sucedeu desde então foi o adiamento sucessivo da partida do meu navio, e poder ter estado ontem a ouver um dos maiores acontecimentos em música que alguém poderá presenciar!!! A todo o pessoal OBRIGADO, pela música, bem-estar e satisfação proporcionada!!! E que estas fotos, singela colaboração e agradecimento meus, vos revejam nesse acontecimento enorme! Já posso ir descansado e contentíssimo para a Polónia – e já nem os buracos do navio e os riscos esforçados me atormentarão! Um abraço a todos e VGO Sempre!!!» – Rui Portugal (Jazz e Arredores) Com
as duas últimas saídas ("Intersecting a Cone with a
Plane" (cs069), do trio Ricardo Arias/Günter Müller/Hans
Tammen, e “Alud" (cs070), da dupla ibérica Pablo Rega
e Alfredo Costa Monteiro, a editora de Ernesto Rodrigues, Creative Sources
Recordings, perfaz o número redondo de 70 títulos colocados
no mercado. É obra! Sobretudo num segmento – o da chamada
nova música improvisada – em que os escolhos, atenta a putativa
“dificuldade” do produto, são bem maiores que os vividos
no mercado do jazz, pois escassíssimas são as recensões
ou referências críticas nos media, a imprensa, a rádio
ou a televisão incluidos, que, por junto, nem meia nota de rodapé
apresentam. Cá na Paróquia, atrasada, a acefalia da crítica
“institucional”, jovem ou bastante usada, foge disto como
o diabo da cruz, mais por preconceito, tacanhez ou ignorância, que
por quaisquer razões intrínsecas ao produto musical. Nesta
matéria, estamos conversados. [...] Likewise, the work of Lisbon-based duo Ernesto Rodrigues (viola) and Manuel Mota (guitar) begins with brief chatter or strings and rings, and swells to a rich musical conversation. [...] Kate Silver (Seattle Weekly) Hello
Pessoal! Quanto
maior for a memória do ouvinte, mais vasto é o vasto acervo
de memórias do jazz e da música improvisada reconhecíveis
no nomadismo da Variable Geometry Orchestra (VGO), todo um amplo espectro
de sinais de música moderna, actuais e de outros tempos, que lhe
servem de inspiração e motor interno. Sob a direcção
de Ernesto Rodrigues, a VGO, actuando um vez mais no palco da Galeria
Zé dos Bois, em Lisboa, pôs em prática o seu trabalho
de modelagem sobre massa sonora compacta e homogénea, entrecortada
por breves solos, pontos de partida para “conversas” no interior
de pequenos conjuntos, secções organizadas como naipes circunstancialmente
subdirigidos por Patrick Brennan, à direita, e Alípio C.
Neto, do lado esquerdo. Jogos interactivos de improvisação,
linhas melódicas, permutações, ensaios de contraponto,
simultaneidade, provocação e resposta, contraste e aproximação,
grito, transe, imprecação, dança caótica de
cordas, teclas, sopros e electrónica, batidos por fogachos, labaredas
rítmicas, explosões de címbalos, ou simplesmente
dispostos sobre as brasas de percussão. Preparações
alternando entre a ocasional chuva de meteoritos sobre os telhados da
vizinhança e o bombardeamento sonoro em larga escala, acentuado
pelo uso de notas longas, exacerbação súbita, paroxismo
transformado em drones fantasmagóricos que se fundem em extensões
de magma sonoro, a perder de vista. Apostado em aprofundar o trabalho
sobre variações dinâmicas – uma das vias de
orientação a seguir na incessante busca de diferentes soluções
para este puzzle gigantesco –, a orquestra consegue ser tão
eficaz na acção devastadora do seu poderio sonoro, como
na subtil e delicada enunciação, emergente da estrutura
massiva e dos profundos alicerces em que se estrutura o vasto campo de
experimentação e de improvisação colectiva.
Com a VGO a viagem é sempre longa e sem escala. Em cima do palco,
mais de 30 músicos pintaram a manta e detonaram cargas de profundidade
em longos crescendos de intensidade, curvas de frequências que estimulam
neurónios e insuspeitas secções da alma, sem no entanto
revelar o núcleo essencial do segredo que colectivamente transportam
e que a ninguém individualmente é dado o poder de conhecer.
Qual nave que se projecta no espaço, que visa ir cada vez mais
longe na exploração do desconhecido, a Variable Geometry
Orchestra, ultrapassando os seus próprios limites musicais e os
obstáculos físicos do meio que a suporta, permite ver e
sentir o mistério que está para lá de um ponto qualquer.
Não se sabe como, nem para onde se vai a seguir; mas o que quer
que seja que lá está emite sinais de vida. A
apresentação do mais recente título da discografia
de Ernesto Rodrigues marcou o regresso às actuações
ao vivo, após um breve interregno estival, de alguns dos mais activos
músicos da “cena improvisada” de Lisboa. There seems to have been a slight breather in the production schedule of the excellent Portuguese label Creative Sources. But, as spring has ceded first to summer and now autumn, Ernesto Rodrigues’ imprint is in full bloom again. Jason Bivins (Bagatellen) Ces
quatre cédés Creative Sources présentent différentes
collaborations du responsable du label, le violoniste et altiste Ernesto
Rodrigues, avec son fils Guilherme au violoncelle et à la trompette
de poche. Comme très souvent chez Creative Sources, pochettes très
soignées et environ une quarantaine de minutes. Prise de son excellente
et très « rapprochée » donnant un
relief étonnant aux manipulations instrumentales « bruitistes ».
Oranges (CS 068 -2006), car Bortoukal signifie l’orange (le
fruit) en arabe, de même en grec « portokali ».
Portugal, vous y êtes. Cette équipe portuguaise qu’on
entend au grand complet avec Oren Marshall dans Kinetics déplace
le centre de gravité de l’improvisation radicale vers le
sud. Les frère et sœur Christine et Sherif Sehnaoui (sax alto
et guitare dans Undecided) sont de Beyrouth, tout comme Bechir Saadé
(clarinette basse et ney dans Oranges). Wade Matthews vit à Madrid
et son passage à Lisbonne est l’occasion d’une belle
rencontre. Les deux clarinettes basses et les flûtes de Matthews
et Saadé insufflent une véritable sensualité aux
bruissements secs et sophistiqués des Rodrigues. Les interventions
électroniques de Matthews ajoutent une dimension dynamique bienvenue
à part égale avec les instruments. Cette musique mérite
vraiment plusieurs écoutes, malgré sa simplicité
apparente. Mais um capítulo do trabalho sonoro de grande magnitude que a Variable Geometry Orchestra tem vindo a fazer na exploração das múltiplas conexões entre experimentalismo contemporâneo, electroacústica e free jazz. Os vários andamentos revelam aspectos que vão da delicadeza à grande massa, percursos de progresso de uma realização para outra, espectro emocional sem limites. A caminho de encontrar uma nova linguagem que há-de dominar as tensões que se jogam em cada momento, o jogo de forças centrífugas e centrípetas que se organizam espontaneamente em blocos multiformes, desfazem-se, reagrupam-se de novo e são já outras. Transcendendo formas e estilos, a VGO bebe em todas as fontes e tece uma longa teia de significados, algo que se estrutura no momento a partir do som puro. Eduardo Chagas (Jazz e Arredores) […] A primeira parte esteve a cargo do violinista Ernesto Rodrigues, que teve a companhia do filho Guilherme Rodrigues (violoncelo) e de Pedro Rebelo (laptop/electrónicas). Apesar do concerto não ter sido longo - cerca de meia hora - os músicos explanaram concretamente as suas ideias, desenvolvendo texturas e micro-sons a partir das abordagens pouco convencionais aos instrumentos. A electrónica de Rebelo foi o principal foco de interesse do trio, particularmente pelo modo como se adaptou ao universo da música reducionista dos Rodrigues – atenção à vaga de discos que acabam agora de ser editados na Creative Sources. […] No final do solo de Rowe o trio luso subiu ao palco para uma sessão em conjunto com o inglês. O laptop ficou desligado e Rebelo atacou as cordas do piano, a dupla Rodrigues explorou as madeiras dos instrumentos respectivos e Keith Rowe deixou-se estar discreto, com um ou outro pormenor. Conclusão: a cena experimental está bem viva e recomenda-se. Nuno Catarino (Bodyspace) Orquestra de Geometria Variável? Tudo menos quadrados. Mentes abertas. Mais de 30 músicos (de alto gabarito individual) juntam-se para criar fusão, rebelião, superação.Só porque sim. Só porque sai. Só porque soa. Violino, viola, violoncelo, baixo, guitarra portuguesa, voz, trombone, tuba, clarinete, vários trompetes e saxofones, guitarra eléctrica, acordeão, electrónica, didgeridoos, percussão, bateria... Uma salada musical frenética? Um agri-doce nomadismo musical de comunhão e uma ecléctica partilha entre instrumentos que querem ir mais alto, só por ir e sem olhar a destinos concretos. Não sabem de onde vêm nem para onde vão. Nem importa. Eles são liberdade criativa selvagem e explosiva, ali roçar o génio esquizofrénico. Se parecer que foram apanhados a meio de uma viagem inter-galáctica, não estranhem. Entrar na Trem é entrar na nave. Garantido é que vão ver estrelas. Joana (LeCool Magazine) Uma
editora na alvorada do século XXI VGO The hot and unforgiving Sahara wind decided to answer the calls of Nirankar Khalsa and the Sudani gang by paying us a visit! The result was a thermometer rise way above the 90’s. On this occasion the VGO went to play in the black curtain clad room of the BOMBA SUICIDA where the many fans, scattered throughout the floor, did little to alleviate the heat surge. The band was closing the night so it had a scarce 30 min. to show what it was worth. The music sounds just like the thick atmosphere in which it was played: densely textured and hot! Ibson Barreto da Silva Geometrias regulares e irregulares na forma e no conteúdo, fluidez, densidade, respiração, elementos visuais associados à progressão sónica, reinvenção acústica espácio-temporal. Vocabulário e pensamento musical colectivo feitos de muitas linguagens convergentes que brotam duma multitude de fontes. Os sinais instigam os acontecimentos, a trip de energia. Naipe de cordas, secções de sopros e de percussão, electrónica de gratinados e ondas oscilantes, pulsão jazz – tudo revisto e aumentado no que ao potencial de contraste tímbrico e textural diz respeito. Música que, a um tempo, transporta em si um exercício de memória, repristinação de vários segmentos do passado – do seu próprio passado – e de página em branco, o momento anterior à consciência.Tribalismo e tentação afro, o drone que arrepia, sons que nascem e se desvanecem sem se saber de onde nem por onde, interpenetração de motivos, nuance, tensão rítmica, explosão, policromia, climax, som total. Um mundo de sonoridades inquietantes que instauram a perplexidade. Outro concerto da Variable Geometry Orchestra, sinfonia para improvisadores envolvidos no processo de ouvir e transformar. Eduardo Chagas (Jazz e Arredores) Em seis anos de actividade editorial a Creative Sources Recordings afirmou-se no plano internacional como uma das mais relevantes etiquetas especializadas nas novas tendências de improvisação. Com mais de oitenta discos editados até ao presente momento, a editora fundada e dirigida por Ernesto Rodrigues vem documentando de forma surpreendentemente activa as movimentações nas músicas improvisadas neste início de século XXI, tendo-se focalizado principalmente em redor da estética reducionista (mas não só). Para além de ter registado trabalhos dos mais importantes exploradores nacionais (Margarida Garcia, Rafael Toral, Sei Miguel), fazem parte do catálogo da editora nomes de referência como Tetuzi Akiyama, Günter Müller, Oren Marshall, Rhodri Davies, Axel Dörner, Mazen Kerbaj, Dan Warburton, entre vários outros. No entanto, a maior fatia de contributo criativo para o catálogo da editora vem do seu próprio líder, Ernesto. Participante em quinze álbuns, o violinista explora em cada situação diferentes instrumentações, registos e colaboradores, apresentando em cada disco um trabalho fresco, ímpar, irrepetível. Estudioso do compositor Emmanuel Nunes, Rodrigues advoga que a composição está presente no seu trabalho, mesmo que seja trabalhada em tempo real e não seja evidente. Sobre este facto, afirmou numa entrevista ao Bodyspace: “Mesmo quando se improvisa, há uma gestão/estruturação de materiais contínua em tempo real e a minha formação passa sem dúvida pela absorção de inúmeros conceitos e métodos que intrinsecamente se ligam à sua fortíssima personalidade musical e humana.” A exploração textural e sónica que Ernesto Rodrigues faz da viola (ou, ocasionalmente, violino) é apenas uma extensão do seu trabalho musical, que tem na interacção talvez a parcela mais importante. Estes sete registos aqui referenciados documentam a fase mais recente da produção de Ernesto Rodrigues (2005/2006) e são uma mostra irrefutável de dinâmica e fulgor criativo. [...] Nuno Catarino (Bodyspace) Com formação clássica e a influência da escrita musical contemporânea, em especial a de Emmanuel Nunes, mas actividade na área da livre-improvisação e do chamado “near silence”, a grande paixão do violinista e violista Ernesto Rodrigues é claramente o free jazz. [...] Rui Eduardo Paes Creative Sources nous a habitué à l’innovation expérimentale et aux changements d’habitude d’écoute parfois difficilement appréciable par le commun des mortels, même le plus entiché, vu leur production pléthorique. En quelques années, le catalogue de CS a atteint le numéro 091 (Keune/ Schneider/Kramer : The short and the long of it). Plusieurs de leurs parutions toutes récentes font appel à des artistes plus « réussisseurs » ou « substantiels » qu’«essayeurs » ou « radicalement espacés » voire « tentativistes de l’extrême». Ces appréciations dépendent de vos expériences, bien entendu ! [...] En conclusion, Creative Sources, une structure autofinancée par les artistes publiés, maintient le cap de la découverte et de l’innovation. Mais ses récentes productions se focalisent nettement moins sur le formalisme quasi conceptuel (abrupt pour certains) et la nouveauté per se, les enregistrements solo et l’électronique, et plus sur l’exigence organique d’improvisateurs expérimentés et une véritable diversité. Une belle réussite. Jean-Michel Van Schouwburg A
primeira parte serviu para o grupo tomar a temperatura à sala,
cheia com um público heterogéneo, entre curiosos, desatentos,
palradores compulsivos, e uma larga maioria de público disponível
para se deixar desafiar pelo desconhecido. Ajustados os níveis,
feito o aquecimento e preparados os processos, o quarteto arrancou então
para uma segunda parte a todos os títulos memorável. Desde
logo, pela empática associação entre o trio formado
por Ernesto Rodrigues (violino), Manuel Mota (guitarra eléctrica)
e José Oliveira (percussão), três dos mais destacados
improvisadores da cena lusa, com muitos anos de experiência nos
mais diversos cruzamentos e intersecções. À partida
o desafio era deveras interessante, posto que Rodrigues, Mota e Oliveira
são uma fórmula testada, capaz de nos surpreender pela qualidade
e diversidade da oferta estética em cada momento. Ao trio base
inicialmente previsto e anunciado, juntou-se o saxofonista alto Nuno Torres.
Excelente ideia, aditar este reforço de última hora. Porque
o som de Torres tem propriedades acústicas que casam na perfeição
com as demais. Daí a naturalidade com que entrou no fluxo, acrescentando
um som de saxofone moderno e personalizado. A abertura do Sources Fest ficou a cargo do agrupamento formado por Ernesto Rodrigues (viola), Guilherme Rodrigues (violoncelo, rádios), Nuno Torres (saxofone alto) e José Oliveira (percussão). Enquadrável no âmbito das incursões pela estética “reducionista” que E. Rodrigues tem encetado ao longo dos últimos anos, deste concerto importa sublinhar duas ideias fundamentais. Em primeiro lugar, a sensação de que a sua música caminha lentamente para a incorporação de elementos estruturais e composicionais, não só por se ter sentido uma sintonia perfeita entre os membros do quarteto, como também pela relativa facilidade com que se puderam identificar distintos períodos de pesquisa textural. Em segundo lugar, ressalva-se o facto de a recente inclusão de Nuno Torres no ensemble de E. Rodrigues se ter revelado uma escolha frutífera e particularmente acertada, ele que se adaptou de forma irrepreensível à linha estética que Rodrigues procura veicular neste projecto. João Aleluia (Jazz.pt) [...] a VGO de Ernesto Rodrigues encerrou em grande nível o primeiro dia do Out.Fest 07. Enchendo o palco do Auditório Municipal com quase trinta músicos, a Variable Geometry Orchestra mostrou uma notória evolução relativamente às suas primeiras actuações. Mesmo com um número imenso de músicos a trabalhar em simultâneo, Ernesto já se conseguiu impor como maestro e consegue controlar melhor a massa sonora gerada pelo grupo. Já não se trata propriamente de “caos sonoro”, a música aqui produzida – mescla de instrumentação acústica e material electrónico – reproduz algumas características individuais dos diversos músicos intervenientes (Sei Miguel, Rafael Toral, João Pedro Viegas, António Chaparreiro, Nuno Torres, Adriana Sá, Abdul Moimême, o próprio Ernesto Rodrigues, etc.) e consegue ser, em simultâneo, um veículo único de unidade sonora plena de energia. Nuno Catarino (Bodyspace) Foi um dos concertos que mais gostei de "ouver" e registar. Foi aquele em que mais fotos tirei - de facto, acho que nunca desliguei a máquina (mesmo correndo o risco de ficar sem pilhas) e devo ter visto o concerto mais através da máquina que directamente pelos meus olhos !!! As fotos poderão ser semelhantes, mas reportam sempre diferentes tempos e sons que fazem a grandeza do concerto e da Orquestra. Foi também o concerto mais homogéneo e em que o Ernesto se apresentou mais dirigente, condutor e mentor do melhor colectivo global que a orquestra já formou. Enfim... a VGO surpreende-nos sempre, e é essa sua capacidade que faz com que eu procure não falhar um concerto, mesmo nos dias em que velhas glórias da música e do jazz também se encontrem a tocar em Lisboa, como ontem aconteceu!!! Um abraço a todos e VGO Sempre! Rui Portugal (Jazz e Arredores) A
alegre confusão da Variable Geometry Orchestra Creative Sources is probably the first label to conjugate mass-production with quality. Despite having reached the enviable number of 100 releases, and several "interested" criticisms by other label owners notwithstanding, Ernesto Rodrigues' activity and constant quest for self-expression has allowed a large number of otherwise scarcely known worthy improvisers to release intriguing documents of mostly non-idiomatic sonic exploration, music whose excellent level is by now demonstrated and confirmed by a worldwide recognisability that has affirmed the Portuguese imprint as a reference name in the new music world. Massimo Ricci's choice of ten CS records which constitute a good introduction to the label for the newcomer, while also being among the best of its production : DORSAL
– Ernesto Rodrigues, Manuel Mota, Gabriel Paiuk [...] Playing with Ernesto Rodrigues, Guillerme Rodrigues and Carlos Santos was about sound - it was “abstract expressionist” to me, which I love. That was like Motherwell, or Franz Kline or Rothko. It requires from me a different relationship with my materials; it’s one of the most important changes in aesthetics that has occurred in the last century, and it still has not been fully assimilated into the culture. [...] Joe Giardullo Il violinista Ernesto Rodrigues è un tassello chiave nei meccanismi creativi della cità. Fondatore della celebre etichetta Creative Sources, si muove da anni nei territori della sperimentazione, dall’improvvisatione radicale all’elettroacustica. Vanta studi con importanti nomi della musica contemporanea portoghese, collabora regolarmente con una serie di musicisti internazionale (da Alessandro Bosetti a Tetuzi Akiyama, da Keith Rowe a Ingar Zach) e dirige due importanti ensemble (dal 2000 la Variable Geometry Orchestra). Organizza frequentemente eventi e festival ed è una delle personalità più attive della cità. Riccardo Wanke (Blow Up) (...) As honras de abertura couberam ao duo formado por Ernesto Rodrigues (viola) e Nuno Torres (saxofone alto). À semelhança do que havíamos presenciado em Julho, ainda que num contexto diferente, estes músicos revelaram uma vez mais níveis de intensidade e cumplicidade verdadeiramente notáveis. A actuação iniciou-se com uma rápida troca de ideias musicais, à qual se seguiu uma exploração das possibilidades acústicas da sala com ambos os músicos a circular livremente sobre o palco, para depois terminar em total consonância, num longo e homofónico drone. Soberbo! João Aleluia (Jazz.pt) À ordem do arco do violino que serve de batuta ao Maestro Ernesto, orquestram-se os sons clássicos com os ruídos da electrónica e as percursões várias. De diálogos calmos entre os sopros, a delírios obsessivos, experiências de música e espaço construidas por um laboratório de sons e sensações. Gosto. É daquelas coisas que primeiro estranha-se e depois se entranha. Rendeiro Ernesto Rodrigues, responsável pela Editora Creative Sources, tem realizado um trabalho notável na área da improvisação não idiomática. Como músico, é um dos mais sólidos improvisadores portugueses, tendo realizado dezenas de concertos e gravações com músicos nacionais e estrangeiros. Neste concerto conta com a colaboração de dois dos mais destacados praticantes europeus de uma música improvisada nos limites da abstracção. CCB Ernesto
Rodrigues (violino, viola) dá largas ao seu fascínio pela
complexidade da microscopia sonora, e por tudo o que está para
lá do som convencional. Importa-lhe a redefinição,
pela via da improvisação e da experimentação
sonora, do papel dos instrumentos acústicos, do seu próprio
conceito e daquilo que se conhece como resultante possível da execução
instrumental. Com um percurso de décadas feito no cruzamento da música erudita contemporânea e do free jazz, o nome de Ernesto Rodrigues ficaria associado às novas tendências da livre-improvisação que emergiram na Europa (com centros nevrálgicos na Alemanha, na Áustria, em França, na Grã-Bretanha e em Portugal), nos Estados Unidos, no Canadá, no Japão e na Austrália. Às novas propostas surgidas chamou-se genericamente de reducionismo, pelo facto de cultivarem a proximidade do silêncio, mas também por trocarem a lógica do fraseado pela construção de texturas e por utilizarem os instrumentos fora dos tradicionais conceitos de escala. A música electrónica é uma influência forte no modo como Rodrigues aborda a viola e o violino, cortando radicalmente com os modelos que nos chegam do romantismo. Fez música para dança, cinema e vídeo e lançou em 1999 a muito bem sucedida editora Creative Sources, uma das mais importantes “labels” de música experimental, electro-acústica e improvisada a nível mundial, com mais de 100 títulos editados e uma entusiástica receptividade por parte da crítica internacional. Rui Eduardo Paes Ernesto Rodrigues Quinteto, programado para a tarde (19h00) de dia 12.07.2008, no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no âmbito do festival Música Portuguesa Hoje. Com Ernesto Rodrigues, em viola, o libanês Stéphane Rives, em saxofone soprano, o galês Rhodri Davies, em harpa eléctrica e electrónica, Guilherme Rodrigues, violoncelo, e Carlos Santos, computador. Muito suavemente, do impulso inicial passou-se a uma cadência lenta, cordas eléctricas e acústicas, sopro e electrónica em murmúrio descontínuo, alternado com breves, muito ligeiras, altercações, a pôr em relevo o carácter rendilhado da peça única que compôs o set, sempre mais variado nos timbres que nas dinâmicas. A partir do primeiro quarto, a sessão evoluiu por sobre a camada electrónica de fundo, trama sobre a qual se foram dispondo os outros elementos sonoros de modo esparso, micro-eventos em que preponderaram os cordofones acústicos. A música do grupo, que tocou junto pela primeira vez, salvo três quintos (Rodrigues, Rodrigues e Santos) que há anos se desdobram nas mais variadas formas e contextos, mostrou-se tributária das formas de improvisação moderna que primam por fomentar menor actividade sonora, fazendo uso de elementos acústicos de maneira sóbria e elegante. Com uma ou outra hesitação e indecisão geral, e em particular de Davies e Rives, por opção própria mais ausentes que presentes na panorâmica, tempo houve para deixar cada som nascer e desenvolver-se no espaço, lentamente, procurando o momento e o local certeiro para provocar a imaginação e deixar fluir as emoções, como feixes de luz a tremeluzir no escuro. Música intrinsecamente tensa apesar da enganadora serenidade, cheia de momentos interessantes para quem aprecia a atonalidade, a dissonância e o convencionalismo próprio da improvisação livre, em parte graças ao intercâmbio gerado instantaneamente, noutra parte pelo facto de os músicos terem sabido ouvir-se entre si, sabedores de que neste tipo improvisação de câmara tão importante é a decisão de intervir como a de ficar de fora num determinado momento. Eduardo Chagas [...] Seguiu-se aquela que era, à partida, uma das propostas que maior expectativa gerava, o quinteto do violista Ernesto Rodrigues, com que contou com as presenças de Rhodri Davies na harpa electrónica e de Stéphane Rives no saxofone soprano, para além de Guilherme Rodrigues (violoncelo) e Carlos Santos (laptop). A música muito abstracta do quinteto criou momentos deveras interessantes, não obstante o facto de ser a primeira vez que os 5 músicos se apresentavam em conjunto. O concerto acabou algo abruptamente, ficando a ideia de que algum elo da cadeia improvisacional se terá quebrado… [...] António Branco O violinista Ernesto Rodrigues tem um percurso de várias décadas na música improvisada em Portugal com participações em inúmeros concertos e festivais no estrangeiro, dedicados principalmente a uma estética reducionista também apelidada de near silence. Os seus interesses têm-se dividido entre a música contemporânea composta e improvisada. Enquanto autor foca-se principalmente nos elementos sónicos e texturais da música, por vezes mais próximo do free jazz, outras num contexto não idiomático muitas vezes apelidado de novas músicas. A música electrónica é uma influência forte no modo como aborda o violino. Fez música para dança, cinema e vídeo e lançou em 1999 a editora Creative Sources, uma das mais importantes a nível mundial no campo da música experimental e electro-acústica. No concerto desta noite troca o violino pela viola de arco. Pedro Costa [...] Portugal's ever-interesting and understated label Creative Sources continues its prolific run with three new releases. This set presents players lesser-known internationally, but label owner Ernesto's Rodrigues' ears continue to be selective and unerring in his ability to find players with new sounds to say in unusual ways. My personal favorite of the set is the excellent percussive duo of Wolfgang Schliemann and Michael Vorveld, who find new ways to hit, strike, bow, scratch, plug and throw their instruments in fascinating ways. [...] Phil Zampino Ernesto Rodrigues, Christine Sehnaoui, e Axel Dörner, ao vivo na Culturgest, em Lisboa. Sexta-feira, 31 de Outubro de 2008. A história de cada músico é conhecida pelo menos de quem segue com atenção o que se passa na Europa nesta área musical. Têm associados percursos individuais de aprendizagem, assimilação e libertação dos padrões e clichés da música improvisada, tal como o género se foi afirmando ao longo das últimas décadas. É esse o resultado do investimento naquilo que constitui factor de diferenciação: o trabalho minucioso e idiossincrático sobre as propriedades do som enquanto matéria-prima essencial, com particular incidência nos aspectos tímbricos e texturais de um género que assume a sua condição marcadamente não-idiomática. Eis o que se pode em termos actuais designar por moderna improvisação livre, que se encontra umas vezes imersa num estilo para-reducionista, em que o que se pretende é que menos por menos dê mais; outras procurando afirmar-se na permanente reelaboração do processo criativo, cujo valor final acabe por exceder o conjunto das contribuições de cada interveniente. Foram estes os vectores dominantes no concerto da Culturgest. Nessa medida, Rodrigues, Dörner e Sehnaoui deram a ouvir uma música essencialmente sinergética, na qual três subsistemas sonoros de elevada complexidade concretizaram uma tarefa que, sendo una, acabou por ser superior ao somatório das partes. Tenha-se bem presente que os três músicos, individual ou colectivamente considerados, transcendem quaisquer barreiras estéticas ou geográficas dentro da música improvisada, tal como se conhece desde há 40 anos. A multiplicidade de contextos em que têm trabalhado, juntos ou em separado – mas nunca neste trio – as tonalidade escolhidas e propostas, as sólidas bases comunicacionais, o conhecimento das técnicas dos respectivos instrumentos, a que somam outras por si inventadas, sobretudo na periferia física dos objectos produtores de som, criaram as bases para a exploração do catálogo sonoro para além dos limites que os próprios conhecem. Rodrigues, Dörner e Sehnaoui comunicaram de modo intuitivo na mesma língua franca, com sensibilidade e inteligência, exibindo um léxico rico e variado nas formas e nos modos de tratamento de cada situação. Admiráveis foram as trocas de sinais através de sinapses criadas no instante, que potenciaram o bom entendimento tripartido, através de afirmações, interjeições, sobreposições, aditamentos e outras maneiras de acrescentar complementaridade, mesmo quando a opção passava por ficar de fora num dado momento, a assistir, como o público, ao nascimento da próxima escultura sonora. E assim se esteve deliciosamente durante perto de uma hora a ouvir um set único, totalmente acústico, tocado numa sala que tem excelentes condições para a prática da modalidade, quer em termos de forma e dimensão, quer quanto às propriedades acústicas, o que permitiu perceber toda a actividade, do som em bloco até à partícula mais delicada e de menor volume. Se ainda não ficou claro, afirmo agora que o trio Rodrigues, Dörner e Sehnaoui, mercê da inspiração e do alto nível comunicacional dos participantes, ofereceu um recital primoroso, lírico e luxuriante no seu minimalismo. Boa notícia: o concerto foi gravado por Carlos Santos e é provável que venha a ter edição na Creative Sources Recordings. Eduardo Chagas [...]
It reminds me considerably of the Portugese Creative Sources label, really
understated slow moving but sonically fascinating improvisations. More
and more I find this music something like a wooly (and often erratic)
blanket that I can wrap myself up in while I'm cataloging CDs late at
night. Oportunidade única para experienciar três nomes sonantes da improvisação contemporânea em conjunto, num diálogo em trio sem memória, revelador de uma grande constância de princípios técnicos e estéticos. Ernesto Rodrigues, nome cimeiro da experimentação portuguesa, conectado principalmente com o violino, apresentar-se-á desta vez em viola, ladeado pelo escocês Neil Davidson em guitarra acústica e pelo japonês Nobuyasu Furuya em flauta, clarinete baixo e saxofone tenor. ZDB Muzique [...] Seguiu-se o trio formado por Ernesto Rodrigues (viola), Manuel Mota (guitarra) e José Oliveira (percussão). Embora não tocassem juntos desde o Verão de 2007, este concerto confirmou que a empatia entre estes três músicos se mantém intacta. Trabalhando sobretudo com arco, Ernesto Rodrigues optou por uma abordagem instrumental relativamente “convencional”, recorrendo apenas ocasionalmente à multiplicidade de técnicas extensivas que domina. Ainda assim, não lhe faltaram ideias para estimular os colegas e cativar a atenção do ouvinte. Manuel Mota foi o mais irrequieto dos três, exibindo ao mais alto nível o seu fraseado sinuoso e acidentado, num excelente contraponto às acções de Rodrigues e Oliveira. Este último também se mostrou em boa forma, salientando-se as métricas irregulares com que fez uso do seu kit percussivo, bem como a robustez e heterogeneidade dos seus recursos tímbricos. Foi um concerto que trouxe à memória as primeiras edições da Creative Sources, nomeadamente os discos “Assemblage” e “Dorsal”, ainda que esta actuação de modo algum tenha sido um regresso ao passado. [...] João Aleluia Uma característica em particular, e nesse aspecto diferenciadora das demais que vão surgindo nos mesmos territórios da criação musical, define as propostas de Ernesto Rodrigues: a combinatória dos princípios da improvisação, aplicados em toda a radicalidade das suas implicações, com o enquadramento de um conceito bem definido e articulado. À partida, estes dois âmbitos parecem excluir-se mutuamente, pois o conceptualismo artístico está nos antípodas da espontaneidade e da intuição da música improvisada, mas para o violista português reside precisamente nesse paradoxo o desafio que tem definido o seu percurso. Os títulos dos seus discos funcionam, regra geral, como grelhas de pensamento (alguns exemplos são “23 Exposures”, “Assemblage”, “Contre-Plongée” e “Kinetics”, remetendo-nos, inclusive, para o universo das artes visuais), e em algumas das edições as “liner notes” procuram mesmo circunscrever as coordenadas em que a música “acontece”. O jogo entre as duas dimensões adquire particularidades muito específicas, dado que não se trata de justificar teoricamente o que vamos ouvir, mas de lhe dar aquilo que Ernesto designa por “subjectividade referencial”. [...] Rui Eduardo Paes A
primeira surpresa deste concerto foi ver o pequeno auditório da
Culturgest praticamente cheio para assistir a um concerto que não
é propriamente um registo “easy-listening”. E esta
questão torna-se superlativa pelo interesse que esta música
nova desperta, cada vez mais, a um número mais alargado de pessoas.
Although we have never met in person (but it’s not too late), Ernesto Rodrigues and myself share a silent alliance since the very beginning of our reciprocal enterprises, as he’s always been at the forefront of the thousands who were fooled by copious doses of purple prose hiding a total lack of insightfulness. Creative Sources remains one of the top labels of improvisation around, despite 1) constant criticism by people who don’t actually listen to the music and 2) a sometimes overly egalitarian approach in terms of quality control. Isolated scribblers are perennially submerged by records, thus I am in long delay with the recent releases by Ernie’s imprint. Let’s try and fight back in order not to be counted out by the referee while absorbing fusillades of blows to the ears. Massimo Ricci (Temporary Fault) Ich fühl mich fast wie Gimli, als er unter ein Warg, eins dieser hyänenartigen Reittiere der Orks, geraden ist. Nur sind auf mich gewöhnlichen Sterblichen 12 - in Worten: zwölf - weitere CS-Releases (eingepackt in Klopapier!) eingestürzt. Argh! Stinking creature. Argh!. Rigobert Dittmann (Bad Alchemy) Before
I post tonight’s mini-reviews of two recent Creative Sources releases
I thought I would share a few thoughts on the label that I have had today.
CS gets a lot of stick, unlike that received by any other label operating
today bar maybe Leo. There seems to be two main threads to the criticism.
The first seems to be aimed at CS’s “pay to play” policy
of releasing albums. In short, the discs that come out on the label are
often (not always) part-funded by the musicians that appear on them, with
much larger than normal amounts of the final product going to the musicians
for them to sell at gigs, or use as calling cards to try and obtain more
paid work. Just this fact alone seems to rile a few people. I have no
idea why. As I see it the label remains solvent, the musicians get the
benefit of professional advice, support, design etc… and a large
number of CDs on a professional label that they can try and eke out a
living from. I have no idea what is wrong with that. What
began in 2001 as a recording outlet for a group of Lisbon improvisers
has in less than a decade grown to a CD catalogue of more than 170 releases
with an emphasis on fresh, innovative sounds. Under the direction of violist
Ernesto Rodrigues, every month or so Creative Sources (CS) Recordings
releases two or three CDs from committed international musicians. “Creative
Sources is musician-run for musicians,” declares Rodrigues. “We’re
not here for the money, but for the art”. [...] Para o encerramento do Sonic Scope 2009 ficou guardada a Variable Geometry Orchestra, a orquestra “all-star” da improvisação lusa, liderada e “conduzida” pelo violinista Ernesto Rodrigues. Cada vez mais moderada, mais controlada, a orquestra VGO deixou de ser um bicho selvagem para se tornar num animal parcialmente domesticado. Longe vão os tempos em que as actuações consistiam em erupções enérgicas do tipo “vai-acima-vai-abaixo”. Agora a música obedece às regras bem definidas do maestro Rodrigues: Ernesto controla o ritmo, controla a entrada e saída de cada secção, distribui funções por cada músico, esforça-se por manter o equilíbrio possível num grupo que incorpora técnicas e linguagens muito distintas entre si. Se por um lado se perdeu alguma daquela energia inicial, por outro lado passou a ficar em evidência o trabalho de detalhe de cada músico – e a vintena de músicos que actuou no Maria Matos não poupou nos pormenores individuais. Nesta actuação no Sonic Scope a secção das electrónicas (que contou com o convidado internacional Wade Matthews, de passagem por Lisboa) foi vítima de um volume demasiado elevado, mas de resto a música viveu numa saudável contenção. Numa tentativa de encontrar paralelismos poderíamos invocar as formações “Cobra” de Zorn, as conduções de Butch Morris ou o ensemble electro-acústico de Evan Parker, mas esta VGO distingue-se por uma criar uma atmosfera especial. É difícil explicar, talvez só assistindo a uma actuação ao vivo ou ouvindo o triplo-álbum Stills se consiga perceber (ou sentir) a alquimia desta música. Nuno Catarino (Bodyspace) Ernesto Rodrigues es sin lugar a duda el violinista más interesante de Lisboa, con una creciente presencia en la escena internacional. Nos visitó hace años para tocar en el festival ¡ESCUCHA! y nos complace enormemente su vuelta, esta vez en compañía de Neil Davidson, un sorprendente guitarrista escocés con el que lleva colaborando ya tres años. Juntos, han grabado dos discos, ambos muy bien recibidos por la crítica. No perdamos, pues, esta oportunidad de escuchar un diálogo inteligente, maduro y siempre fresco entre dos músicos que casi nunca tenemos la suerte de ver en vivo en Madrid. Wade Matthews L'immagine che meglio riassume la produzione dell'etichetta portoghese Creative Sources Records, fondata da Ernesto Rodrigues [di cui puoi leggere l'intervista], è quella di un patchwork di cover in crescendo. Nella home page del sito Creative Sources Rodrigues ha, infatti, riprodotto un vero e proprio tabulato di immagini in continuo aggiornamento, che racchiudono le sue ed altrui storie di incontri e collaborazioni musicali, rimandando a visioni, poetiche ed estestiche diverse tra loro e rivelando al contempo una pregevole ed inedita sezione della musica di ricerca o d'arte europea.
Le fonti creative di Ernesto Rodrigues Ernesto Rodrigues (1959) è senza dubbio uno dei più interessanti violinisti della scena sperimentale ed elettronica portoghese. Insieme al figlio violoncellista Guilherme Rodrigues (1988) dà vita ad una delle collaborazioni famigliari più creative della musica europea [per credere, basta dare un'occhiata veloce al New Thing Nonet video (Youtube)]. All About Jazz: Hai suonato il violino per trent'anni, durante i quali hai eseguito ogni tipo di musica. In seguito hai spostato la tua attenzione sulla musica contemporanea [improvvisata e composta]. Con un background così ricco, perché e in che momento della tua vita hai scelto di dare vita ad una etichetta e hai intrapreso la carriera di direttore artistico? Ernesto Rodriguez: Prima di tutto era un mio vecchio sogno quello di avere un'etichetta per realizzare una musica che mi piacesse, che fosse mia o di altre persone i cui lavori mi piacevano. Volevo farla sentire e mostrare cosa davvero mi piace del fare musica. Decisi di crearne quando per ragioni artistiche volevo realizzare la mia musica, ma non riuscivo a trovare un'etichetta che avesse l'estetica che avevo. Sono diventato direttore artistico per ragioni contingenti, non mi vedo infatti come uno di quei classici "capi". Dei lavori che la gente mi manda, scelgo cosa sento vicino. Nella Creative Sources ci sono oramai direttrici musicali solide e congruenti. AAJ: Quando hai cominciato a suonare, cosa ti ha inizialmente indirizzato all'improvvisazione, all'elettronica e alla musica creativa? Le stesse motivazioni continuano a spingerti ancor oggi? E.R.: Le ragioni sono praticamente le stesse di quelle che avevo all'inizio, anche se oggi le cose che stanno dietro la nuova improvvisazione/elettronica sono molto diverse, perchè arrivano dalla realtà e questo cambia abbastanza la questione. Tutta l'arte è oggigiorno influenzata dal contesto in cui si trova. L'improvvisazione, perlomeno quella acustica, si muove in territori che sono sempre più vicini alla contemporanea/elettro-acustica e alla materia elettronica in termini di processi e pensiero, anche se si scosta dalle loro iniziali condizioni ed è maggiormente in relazione alla musica free. AAJ: Senti di aver ricevuto qualcosa dal tuo lavoro con altri musicisti e da quello di produttore? E.R.: Certamente le influenze sul mio lavoro vanno in entrambe le direzioni. Nella musica (come in altre arti) penso che la cosa più importante sia partecipare alla creazione di un oggetto musicale, sia esso fatto in studio o live. Puoi dare e ricevere, si è parte di una catena di eventi e tutto nasce da questa. È un processo che non puoi controllare; è un modo naturale di creazione condividere idee per lavorare con altri per un obiettivo comune. AAJ: Il tuo lavoro è essenzialmente elettro-acustico. Che cosa significa questo termine oggi e, in particolare, che significato ha per te? E.R.: Il mio lavoro è solo in parte elettro-acustico, nonostante questo tipo di musica mi interessi davvero molto. Il suo significato è cambiato oggi, poiché i processi e le sue applicazioni sono molto diverse da quelle del passato. Oggi c'è maggior controllo e precisione, la sonic palette expanded e portability sono fattori che ne consentono un uso sempre più diffuso e generalizzato. L'espressività si raggiunge con facilità. Puoi avere musicisti elettronici che suonano in un set acustico allontanandosi dallo scopo della musica nei termini di ricchezza sonora... AAJ: So che hai una grande ammirazione per Emmanuel Nunes. Puoi presentare il suo lavoro e la sua personalità, chiarendo perchè è così importante per te? E.R.: E' stata una cosa particolarmente rilevante per la mia vita: Emmanuel Nunes è un compositore ed io sono un improvvisatore, anche se considero l'improvvisazione come una composizione in tempo reale e devo davvero ringraziare lui per questo. Il lavoro di Emmanuel è intimamente connesso al pensiero matematico e lui ha avuto la genialità di articolare la matematica con l'espressione musicale dando vita ad una musica che è fresca. Questa musica riflette la sua meravigliosa condizione umana, umile ma con una visione straordinaria, che è la sintesi di un essere umano straordinario. Come puoi capire dalle mie parole, Nunes mi ha influenzato profondamente, il modo in cui mi ha portato a pensare la musica mi ha dato una struttura solida per affrontare l'imponderabile con maggiore sicurezza! AAJ: Quali software usi nel tuo lavoro? E.R.: Dipende dal progetto o dalla situazione in cui mi trovo. Per mixare e masterizzare un cd, normalmente opto per Logic Pro (da tempo sono un "mac guy"); per progetti multi-traccia, registro in uno studio professionale live con altri musicisti, come fossi in concerto, e porto il materiale registrato nell'HD portatile nel mio studio a casa, dove, per la masterizzazione finale uso Bias Peak. Per progetti artistici uso Cycling74 MaxMsp, anche se alcuni "patches" sono miei, altri in studio o live per ulteriori manipolazioni sonore. Per comporre e la notazione uso NoteAbility Pro. AAJ: Credi che una label come la tua sia anche "politica"? Se sì, in che senso? E.R.: Certamente che lo è. I tipi di musica che realizziamo hanno sempre un fondamento politico, prima di tutto, perchè sono fuori dalle note categorie di musica commerciale e dal marketing; inoltre non sono soggette alle logiche dei media, sopravvivono spesso in situazioni di "ghetto," con un pubblico in crescita, ma non abbastanza da ottenre l'attenzione generale che meriterebbero. E' musica poi fatta da musicisti che prestano attenzione al dettaglio, non si tratta di prodotti da consumare in fretta e da gettare via. Persistono nel tempo, mettono in evidenza delle questioni sulla nostra società, siano esse sociali o politiche, spesso in forma più schietta, altre con significati astratti e con punti di vista sottili. AAJ: Sono convinta che una label ha molto a che fare con la memoria - anche se non in una forma diretta. Grazie ad alcune label abbiamo memoria di sorprendenti esperienze musicali che (fortunatamente!) non sono scomparse senza lasciar tracce! In qualche modo una label ha la funzione di memoria collettiva (una sorta di biblioteca sonora). Cosa ne pensi della questione? E.R.: Hai perfettamente ragione! In qualche modo raccogliamo pezzi e stimoli di un più grande mosaico sulla nostra storia ed espressione, li categorizziamo e ordiniamo per le generazioni future per imparare (ascoltare) con essi. La storia del jazz è diventata cpsì per questo, molta gente oggigiorno conosce come i musicisti si esprimono loro stessi attraverso le registrazioni, più che la sua eredità scritta... AAJ: Come sei entrato in contatto con gli artisti italiani Bosetti, Rocchetti, Fhievel, Sigurtà, è recentemente con Luca Mauri? Conosci la scena sperimentale italiana? E.R.: Conoscevo già il lavoro di Bosetti (che mi piaceva molto), e penso che gli altri ragazzi abbiano seguito le tracce di Bosetti. Creative Sources è diventata "forte" in Italia (almeno da quel che dice la gente) e che la scena italiana sia peculiare e interessante. Recentemente abbiamo realizzato dei lavori di Roberto Fega, Dario Sanfilippo, Giampaolo Verga e ARG (Graziano Lella) che sono tutti nomi promettenti. AAJ: La musica elettronica è stata la prima influenza nel tuo modo di suonare il violino. Sono curiosa di sapere se hai modificato nel corso del tempo il tuo modo di suonare e in che modo? E.R.: Mi avvicino sempre più al lato testuale e timbrico del violino, al suo corpo e a come è stato costruito, alla sua acustica, mettendo sempre meno note suonando... AAJ: Ho letto che sei un fervido collezionista musicale. È ancora una passione, o, con il crescere dell'etichetta, è diventato in qualche modo anche un lavoro? E.R.: Entrambe le cose sono vere: continuo a collezionare musica accanto al lavoro nell'etichetta. Non è un lavoro, ma sempre un piacere. A me piace davvero la musica... AAJ: Che cosa ascolti e leggi abitualmente? Puoi segnalarci alcuni libri, film e cd che consideri importanti per capire la situazione presente? E.R.: Per quanto concerne il cinema, apprezzo molto Sokurov, Syberberg, Straub e Tarkovski. Questi sono forse i miei "poeti dell'immagine" preferiti. Quanto ai libri, devo aggiungere Brodsky, un autore che mi aiuta ad andare ancor più nel profondo dell'esistenza. Quanto alla musica, è molto difficile per me nominare un solo autore rtra le centinaia, anche se Lachenmann è quello che vorrei scegliere. Francesca Bellino Since the 1960s, when British musicians like Derek Bailey, Evan Parker and John Stevens forged a radical strain of non-idiomatic improvisation, abstract on-the-fly music making has gone through loads of permuta- tions. But over the last decade or so, per- haps the biggest factor in the music’s growth has been non-musical. The Internet has allowed an international community of musicians to flourish and interact, and now it’s hardly surprising that strong players thrive in far-flung locales. Leading-edge musicians have been releasing recordings of their own work for decades to overcome commercial labels’ resistance. Some have documented an individual artist’s work, while others, like Evan Parker’s psi and Gino Robair’s Rastascan, expanded to take in other artists. Few have grown at the rate of Creative Sources, the Lisbon label launched in 2001 by violinist/violist Ernesto Rodrigues, a producer as intrepid as Portuguese seafarers in the age of exploration. The label that began modestly enough documenting Rodrigues’ own work now includes artists from around the world and has just released the 178th title in its catalogue. Rodrigues and Guilherme have traveled both literally and figuratively encountering different styles of improvisers at home and abroad. Among the highlights of their own recordings are Poetics, where they join the 18 members of the Glasgow Improvisers Orchestra; On Twrf Neus Ciglau, they’re at home in Lisbon to play with Carlos Santos and two very special guests, Welsh harpist Rhodri Davies and French soprano saxophonist Stéphane Rives. Another Lisbon recording, The Construction of Fear, has Rodrigues and Guilherme in free jazz terrain with the Brazilian tenor saxophonist Alipio C. Neto, Texas trumpeter Dennis Gonzalez and London drummer Mark Sanders. Perhaps Rodrigues’ greatest achievement is Stills, an ambitious recording that marked the label’s 100th release. It’s a three-CD set by the Variable Geometry Orchestra, a large ensemble of Lisbon improvisers: “It all started in 2000, bit by bit. I had a dream from my youth of having something similar to JCOA and Globe Unity Orchestra. It’s the first and only orchestra of this kind in Portugal and the triple CD is the necessary document.” Trumpeter Nate Wooley is one of the American musicians who has appeared in the Creative Sources fold, releasing his first solo CD, Wrong Shape To Be a Story Teller in 2005 and a duo with guitarist Chris Forsyth, The Duchess of Oysterville, in 2007. For Wooley the label has been both an outlet and a source for otherwise unavailable music: Wooley is quick to point out Creative Sources’ track record with trumpeters, citing figures from the veteran Portuguese Sei Miguel to Argentinian Leonel Kaplan and the young Chicagoan Jacob Wick: “These are three players that are finally starting to get some recognition, but I still think some of their most interesting works were these early experiments that Ernesto took a chance on.” You can add Peter Evans and three intrepid Europeans: Axel Dörner, Franz Hautzinger and Birgit Ulher. […] O permanente cruzamento, trânsito e diluição de fronteiras entre o jazz e outros domínios e estilos musicais foi ao longo da década particularmente evidente entre os domínios do jazz e da *música improvisada (MI). Neste período proliferaram inúmeras formações (de constituição variável e frequentemente de duração efémera) que juntavam músicos com formação musical diversificada, desde o percurso de aprendizagem em escolas de jazz ou de *música erudita, até à formação autodidacta. A Variable Geometry Orchestra (VGO, fundada em 2000 pelo violinista e violetista Ernesto Rodrigues) constitui provavelmente o melhor paradigma desta tendência […] A fully improvised set with two clever explorers of their very own instruments, Portuguese violinist Ernesto Rodrigues and French sax player Heddy Boubaker were both very competent on their dialogue. Fundada em 2001, a label lusa Creative Sources já editou até ao momento quase duzentos discos. Movimentando-se no panorama pouco mediático das músicas improvisadas, a editora liderada por Ernesto Rodrigues tem realizado um notável trabalho que, apesar de escondido do mainstream, se revela importantíssimo. Se poderemos dizer que a Clean Feed é uma das melhores editoras de jazz do mundo, neste momento a Creative Sources será sem sombra de dúvida um dos epicentros globais da música improvisada. Especialmente associada à estética reducionista, também conhecida por “near silence” ou “lowercase”, a editora afirmou-se líder nessa corrente, mas não se limita a uma estética única, explorando outros universos sonoros, sempre privilegiando o detalhe e o pormenor sonoro. O patrão da editora, Ernesto, continua a alimentar na qualidade de violista uma intensa actividade musical, contribuindo para o crescimento do catálogo de forma permanente, participando em boa parte dos discos do catálogo. Funcionando como complemento actualizado a umprimeiro artigo-síntese, os discos agora analisados são apenas uma amostra do fervor criativo de uma editora que não pára de surpreender pela originalidade, qualidade e consistência. Nuno Catarino (Bodyspace) O violetista Emesto Rodrigues tem três novos registos da sua intensa actividade, como habitualmente em conjunção com musicos de outras paragens (os suecos Martin Kuchen e David Stackenas em "Vinter" e "Wounds of Light", respectivamente, e o alemão TonArt Ensemble em "Murmurios") e com três dos seus mais habituais parceiros portugueses (o seu fiIho Guilherme, Carlos Santos e Nuno Torres). Todos as seus conteudos foram integralmente improvisados e todos explicitam o estadio actual da chamada corrente reducionista, aquela que no dominio da musica improvisada vem seguindo o mesmo objectivo de retirada de materiais sonoros e de redução do volume que testemunhamos em outras areas musicais, incluindo o jazz "mainstream". Curiosamente, quando tocam dentro dos parametros convencionais desse mesmo jazz. já Kuchen (Iider do grupo Angles, editado pela alfacinha Clean Feed) e Stackenas (que toca habitualmente com Mats Gustafsson, saxofonista que ja tivemos entre nós varias vezes) não seguem esses parametros... Violetista e violinista com actividade nas areas do free jazz e da livre-improvisação desde a decada de 1980, tocou ou toca com musicos como Carlos Bechegas, Jose Oliveira, Manuel Mota, Marco Franco, Alfredo Costa Monteiro, Margarida Garcia, Carlos Santos, Nuno Torres, Pedro Rebelo, Michael Thieke, Christine Sehnaoui, Oren Marshall, Tetuzi Akiyama, Wade Matthews, Alessandro Bosetti, Birgit Ulher, Mark Sanders, Jean-Luc Guionnet, Seijiro Murayama, Raymond MacDonald, Rhodri Davies, Martin Kuchen, Gino Robair e David Stackenas, entre outros. Em paralelo, dirige a etiqueta Creative Sources, actualmente com mais de uma centena de CDs editados, e organiza eventos musicais, entre os quais o Creative Sources Fest. Estes sao as seus discos preferidos de sempre… Eric Dolphy “Out To Lunch” Blue Note, 1964; Albert Ayler “Bells” ESP Disk, 1965; Ornette Coleman “Chappaqua Suite” CBS, 1966; AMM “AMM Music” Elektra, 1967; John Coltrane “Om” Impulse!, 1967; The Jazz Composer's Orchestra “The Jazz Composer's Orchestra” JCOA Records, 1968; Peter Brötzmann Octet “Machine Gun” BRÖ, 1968; Maurice McIntyre “Humility In The Light Of Creator” Delmark, 1969; Alan Silva “Skillfullness” ESP Disk, 1969; New Phonic Art “Begegnung In Baden--Baden” Wergo, 1971; Sun Ra And His Intergalactic Research Arkestra “It's After The End Of The World -Live At The Donaueschingen And Berlin Festivals” MPS Records, 1972; Don Cherry & The Jazz Composer's Orchestra “Relativity Suite” JCOA Records, 1973; David Holland Quartet “Conference Of The Birds” ECM Records, 1973; Creative Construction Company “Creative Construction Company” Muse Records, 1975; Derek Bailey “Improvisation” Cramps Records, 1975; Gruppo Di Improvvisazione Nuova Consonanza “Musica Su Schemi” Cramps Records, 1976; Revolutionary Ensemble “Revolutionary Ensemble” Enja, 1977; Anthony Braxton “The Montreux / Berlin Concert” Arista, 1977; Cecil Taylor “Cecil Taylor Unit” New World Records, 1978; Evan Parker “Monoceros” Incus Records, 1978; MEV “United Patchwork” Horo Records, 1978; The Art Ensemble Of Chicago “Nice Guys” ECM Records, 1979; Globe Unity “Compositions” Japo Records, 1980; Wolfgang Fuchs / Georg Katzer “FinkFarker” FMP, 1990; The Sealed Knot “Untitled” Confront, 2000; Axel Dörner “Trumpet” A Bruit Secret, 2001; Jean -Luc Guionnet “Pentes” A Bruit Secret, 2002; Yoshimitsu Ichiraku / Kazushige Kinoshita / Taku Unami “Cymbal Violin Lapsteel” Hibari Music, 2002; Stéphane Rives “Fibres” Potlatch, 2003; Radu Malfatti "Wechseljahre Einer Hyäne” B-Boim, 2007 Rui Eduardo Paes (Jazz.pt) O mais recente número da mais famosa revista de jazz do mundo traz um artigo sobre o improvisador português Ernesto Rodrigues. O interessante artigo é da autoria de Peter Margasak e foca as actividades do músico e da sua editora, Creative Sources. Neste momento Ernesto Rodrigues encontra-se nos Estados Unidos, país que vai percorrer em concertos durante o próximo mês, na companhia do guitarrista Manuel Mota. Parabéns, Ernesto! Nuno Catarino (aformadojazz) Oito improvisadores em torno do silêncio. Ou por dentro e fora dele, se preferirem. "Suspensão", nome do espectáculo a apresentar esta noite na Galeria Zé dos Bois, reúne um octeto que desenvolve uma exploração minuciosa dos timbres de cada instrumento, contrapondo-a à total ausência de som. Um exuberante universo de micro-texturas sonoras relaciona-se intensamente com o espaço envolvente e cria uma dinâmica na qual o silêncio tem um papel determinante. Próxima de uma estética a que se convencionou chamar de reducionista ou near-silence, esta é uma música de câmara exigente que poderá tirar partido do enorme talento dos improvisadores convocados para este encontro: Ernesto Rodrigues na viola e harpa, Guilherme Rodrigues no violoncelo, Abdul Moimeme na guitarra eléctrica, Gil Gonçalves na tuba, Nuno Torres no saxofone alto, Armando Pereira no acordeão e piano de brincar, Carlos Santos na electrónica e José Oliveira na percussão. Fundador da editora Creative Sources e um dos mais activos improvisadores nacionais, Ernesto Rodrigues prossegue um trabalho notável e crucial no desvendar de novos universos musicais. Rodrigo Amado (Público) O violino já faz parte da vida de Ernesto Rodrigues há mais de trinta anos. Compositor, violetista e violinista, Ernesto Rodrigues já trabalhou com nomes reconhecidos nacional e internacionalmente, tais como Carlos Zíngaro, Evan Parker,Phil Niblock, Iannis Xenakis. Desta feita, veio apresentar ao público o seu último trabalho, desenvolvido em conjunto com mais sete artistas: Abdul Moimemme (guitarra), Armando Pereira(acordeão e piano de brincar), Carlos Santos (electrónica), Gil Gonçalves (tuba),Guilherme Rodrigues (violoncelo), José Oliveira (percussão), Nuno Torres(saxofone). Suspensão é o nome da obra destes oito artistas, estreada na sexta-feira (dia 11) na Galeria Zé dos Bois. Não foram muitos os que se dirigiram para o Bairro Alto numa sexta-feira de chuva. Porém, a plateia que assistiu à estreia do Octeto de Ernesto Rodrigues estava razoavelmente composta. Não é difícil compreender o seu porquê. Ernesto Rodriguesé um dos nomes de relevo no seio do jazz nacional. Adepto de improvisos, divagações libertinas e de particularidades sonoras que evocam logo o “free”, este trabalho não fugiu à regra que caracteriza a carreira do músico. Todavia, este projecto de oito músicos tem uma marca que se distingue. De carácter reducionista, uma aproximação do silêncio, uma procura ininterrupta do silêncio como forma de expressão. Foi com base no silêncio – tanto como caminho, como objectivo – que cerca de uma hora de música se desenrodilhou. Não é fácil evocar o silêncio com mais de dez instrumentos em palco, uma plateia um tanto agitada e uma sexta-feira à noite no Bairro Alto. Se Ernesto Rodrigues fazia ouvir uma harpa tácita e Nuno Torres nos brindava com um saxofone que caminhava pela mudez, logo de seguida Gil Gonçalves soltava um som destemido de tuba que destruía de imediato a camada silenciosa que se propagava pela sala. A brincadeira esquemática – silêncio, não silêncio – foi o fruto da noite. Sem paragens, os músicos desenvolviam momentos de maior tensão, em que a tuba, electrónica, percussão, violino e piano de brincar se faziam ouvir com maior energia, para logo de seguida se deixarem levar por uma onda sonora amena, apenas interrompida pelas vozes que se adivinhavam vindas das ruas bairristas. Entre os músicos que davam o seu contributo individual (e simultaneamente colectivo) para que a música se fizesse ouvir, Guilherme Rodrigues seguia os passos do pai, Ernesto Rodrigues, que, em certa medida, o encaminhou no seu contributo. Alguma prematuridade esteve muito presente na interpretação de violoncelo deGuilherme Rodrigues. Contudo, é importante frisar a jovem carreira do violoncelista, principalmente em comparação com a carreira dos músicos que se encontravam em palco. Se algo faltou, então foi a ligação entre os intérpretes. Claramente, é difícil que exista uma relação intensa entre oito músicos em palco. Se Ernesto Rodriguestrocava expressões com o seu filho e Gil Gonçalves compartilhava devaneios tubísticos com o percussionista José Oliveira, poucos momentos mais de partilha se viram e escutaram na actuação. Permanece a dúvida sobre se o desfasamento entre os músicos seria por ser uma estreia e, portanto, o projecto estar pouco desenvolvido nos parâmetros do desempenho ao vivo ou se a individualidade é pressuposta. Em suma, a noite ficou marcada por uma experiência “near silence”. Afinal, o silêncio pode ser entendido nas mais diferenciadas dosagens e formas, pode ser vítima de diversas interpretações e relações. Foi a experiência do silêncio que deu azo a um exercício de criatividade feito por esta Suspensão de oito intérpretes distintos. Regina Morais O regresso ao prazer das novas músicas...em tempos também Orquestra Vermelha, "Self Eater and Drinker" apresenta-nos Ernesto Rodrigues & Jorge Valente, em 1999 e em nome próprio. Tudo isto é muito estranho. Belíssimamente estranho. Confesso que é um universo pouco habitual nos meus roteiros sonoros mas que pouco a pouco, vou descobrindo, sentindo, tentando perceber. É um universo tão escondido, ignorado, mesmo desconhecido e que no entanto, tem tantos lusos alvo de reconhecimento por esses quatro cantos fora. Refiro-me ao mundo do experimentalismo contemporâneo, ao mundo do improviso e refiro-me aos casos de Carlos Zíngaro, Rafael Toral, Carlos Bechegas, Nuno Rebelo ou mesmo Sei Miguel, Jorge Lima Barreto ou Vitor Rua, entre os que aqui hoje refiro, obviamente. Este é o incrível mundo do improviso...da paixão pelo som e por aquilo que este nos pode devolver. Use-se o que se usar, como se usar. E esta é uma suite em oito partes dedicada a Martin Kippenberger, na qual Ernesto Rodrigues (violino, violino preparado e processador de sinal) e Jorge Valente (sintetizador e computador) improvisam, criando um diálogo muito pessoal entre um violinista e um teclista, entre duas formas de vibrar um instrumento...mas claro que é muito muito mais do que isto [...] Rui Dinis ( A Trompa) Five releases that feature Ernesto Rodrigues, recorded between 1999 and 2010 in various settings. Rodrigues has been heard on many, many discs, enough that I wouldn't presume to use these examples of anything definitive regarding a partial career arc, but in very general terms, they might be seen as limning some parts of a pathway. He's always, from what I've heard anyway, trod a line between (for lack of better shorthand) efi and eai, gradually casting aside some of the busier aspects of the former, but never entirely jettisoning that particular approach to group interplay. Brian Olewnick (Just Outside) Since first encountering the music of the Iberian improvisers, I guess more than ten years ago now, I've been impressed by the territory they (speaking generally) carved out for themselves, distinct in a number of ways from the improv being practiced elsewhere. As they, inevitably, began to mingle more and more with other European, Asian and American musicians, the music widened in many respects, perhaps lost some idiosyncrasy in others. But here, as elsewhere, it's heartening not to hear complacency, to continue to hear the searching, often along that difficult, slippery and occasionally very rewarding path between efi and eai. Brian Olewnick (Just Outside) [...] De perna cruzada, como se estivesse a beber uma cerveja na esplanada, Ernesto Rodrigues procurou reações em todos os lugares possíveis e impossíveis do seu instrumento. Quem disse que questionar os limites é uma luta contra o suor? [...] Rui Eduardo Paes (Bitaites) Ernesto Rodrigues e Carlos Santos exploram conceitos da improvisação electro-acústica, de cariz marcadamente reducionista. [...] No caso do Ernesto Rodrigues, que vai tocar também com um quinteto, entram dois improvisadores estrangeiros, o Rhodri Davies, que toca harpa eléctrica e é um dos grandes improvisadores europeus, e também o Stéphane Rives, que é um saxofonista especialista na corrente musical chamada de near silence, que trabalha todo o tipo de sons não convencionais que se podem tirar do instrumento, um trabalho muito microtonal. CCB O Lumpen Trio é uma formação que se dedica à improvisação livre entendida como gestão de acasos e criação de acidentes onde o esquecimento, a emoção, a intensidade, aliados a um espírito lúdico e despreocupado, têm uma função estruturante e dinamizadora. [...] Da estética "near-silence" partiram igualmente os Rodrigues pai e filho, respectivamente em viola e violoncelo, e a contrabaixista italiana, mas radicada em Ponta Delgada, Gianna de Toni, se bem que evoluindo para situações conotáveis com a música contemporânea, aqui ou ali evocando um Salvatore Sciarrino e um Helmut Lachenmann. Abordagens extravagantes das cordas e das madeiras dos instrumentos, com os arcos, os dedos ou objectos vários, expandiram as possibilidades de execução, e nada foi excluído das lógicas aplicadas – em meio ao abstraccionismo geral, uma micromelodia em repetição ganhou especial efeito, denotando um sentido de oportunidade e uma inteligência construtiva admiráveis. [...] Rui Eduardo Paes Creative Sources a acquis la réputation de livrer à nos oreilles une avalanche d'enregistrements "radicaux" d'improvisation rédutionniste- expérimentale. On a découvert Bertrand Gauguet, Mazen Kerbaj, Birgit Uhler, Ruth Barberan, Jean-Luc Guionnet. Jason Kahn, Leonel Kaplan, Sharif Sehnaoui, Wade Matthews et Ernesto Rodrigues, bien sûr, ... etc etc ... et aussi des artistes tout à fait méonnus. Dans la masse, on avait l'impression que les perles étaient un peu noyées. Plus récemment, un quartet de Phil Minlon, Thomas Lehn, Ute Wassermann ct Martin Blume nous donnait à entendre de l'impro libre "traditionnelle" (si je peux m'exprimer ainsi). Soyons francs : le label Creative Sources est un label ouvert et novateur et il présente des co-productions d'artistes d'horizons très variés après avoir été le réceptacle de démarches innovantes dans l'improvisation radicale. C'est à la fois une mine de trésors, une collection intéressante de projets mûrement réfléchis, un portefeuille de cartes de visites, les témoignages d'associations momentanées et d'instants fugitifs. J'ai essayé de retracer des albums qui me semblent mériter le détour parmi les dizaines de productions récentes ou plus anciennes (230 numéros au catalogue). Plus anciennes car il y a sûrement des choses qui nous échappent. Note : cette page - ci sera complétée. Jean-Michel van Schouwbourg O gesto tem cada vez maior importância na música do violetista português, e é por essa via que a sua improvisação reducionista está mais próxima dos conceitos aplicados na chamada noise music. Pois oiçamos os seus nove discos mais recentes… A ideia de gesto nas artes tem um duplo atributo – respeita tanto ao resultado (uma pincelada, um som) como ao movimento que o produziu. Regra geral, porém, o que o apreciador da obra artística percepciona é a realização sem o movimento, sendo este apenas imaginado. E é neste ponto que se introduz um elemento desorientador, pelo menos no que à música diz respeito: há sequências sonoras que entendemos como gestuais, pelo modo como nos surgem na audição de um disco (regra geral, num concerto vemos o que ouvimos), mas dificilmente visionamos como foram realizadas – acontece tal, sobretudo, nas criações electroacústicas que aplicam os princípios do concretismo, com a anulação da “causa sonoris” para uma totalmente autónoma vivencialidade do som. Se poderíamos dizer, assim sendo, que o desconhecimento da fisicalidade do gesto anula o seu efeito perceptível, o certo é que tal não acontece. Na música, a própria fisicalidade do som basta para concluirmos dessa abordagem gestual. Há um movimento intrínseco e uma imaginação do movimento, ainda que esta seja imprecisa. Os conceitos instalados quanto ao gestualismo sonoro têm como quadro a música escrita de tradição académica, vulgo “clássica” – o gesto está predefinido, restando apenas ser realizado em cada performance. Esse gesto pode ter uma curta duração, mas não é efémero. A notação estipula que se repita. Quando se trata de música improvisada, prática iminentemente performativa, não há previsão e muito provavelmente também não haverá repetição. Nem por isso a importância do gesto se relativiza face à consequencialidade do som: este aconteceu e foi determinante para a trama que se desenvolve, mesmo que o seu momento passe depressa, para não mais voltar. Se essa improvisação é gravada, reencontramo-lo. O gesto musical improvisado pode ser fugaz, mas é tão efectivo quanto algo que cuidadosamente se coreografe. Ernesto Rodrigues é um músico gestual e um improvisador, e a diferença que o seu gestualismo improvisado tem com o gestualismo clássico não está somente na inexistência de uma partitura que lhe conduza os movimentos. É a forma como utiliza o instrumento que define esse corte com a previsibilidade. Os sons que produz nem sequer são possíveis de notar, pelo menos convencionalmente – na maior parte dos casos não se trata de notas, ou seja, sons musicais, e sim de ruídos (por definição: sons “sem significado”) provocados pela manipulação de todo o corpo da sua viola (também da harpa, que toca em dois dos títulos aqui referidos, e da armação interior do piano). O interessante nesta similitude de posicionamentos é o facto de a corrente reducionista estar gradualmente a assumir-se como uma música noise, uma música de ruído. O volume será, sem dúvida, consideravelmente mais baixo do que qualquer coisa que Merzbow e Pita façam, mas longe estão os lançamentos de que aqui damos conta da ortodoxia “near-silence” de há uns anos. A ZDB recebeu mais uma vez o evento anual da improvisação reducionista nacional. Com algumas situações a saírem para fora desse enquadramento, ouviu-se música silenciosa e, a meter-se dentro dela – John Cage teria ficado deliciado –, o ruído das sempre festivas noites do Bairro Alto. Aqui ficam as imagens… Creative Sources Records, based in Portugal, was conceived in 1999 by violist/composer Ernesto Rodrigues as an outlet not only for his own work but for the kind of challenging, non-commercial music that appealed to him. The label originally released work by new music improvisers from Portugal and Spain, many but by no means all of them featuring Rodrigues. The label now issues work by musicians from both hemispheres and has put out fine performances not only by Rodrigues and his cellist son Guilherme, but also by Radu Malfatti, Mike Bullock, Axel Dörner, Ricardo Guerreiro, Gino Robair, Udo Schindler, Raed Yassin and many others. Rodrigues came to adventurous improvisational music in the 1970s, a time when he listened to free jazz, the post-war avant-garde art music of Ligeti and Stockhausen, and the experimental work of Morton Feldman and John Cage. And one can hear in his music the influence of these latter two composers, particularly in the generally quiet dynamics and the ascendency of timbre over pitch that characterize much of his playing. Although Creative Sources releases a diverse range of approaches to electro-acoustic improvisation, it does have an identifiable aesthetic. There are exceptions, of course, but an archetypal Creative Sources release will more likely than not contain sound art of refinement and restraint—qualities that summarize Rodrigues’ own playing quite well. In general the music texturally focused, developing gradually through nuanced shifts in shading, density and dynamics. Several of Creative Sources’ recent releases serve as a good sampling of the label’s approaches to defining and exploring its particular aesthetic of improvisational sound art. Daniel Barbiero (Percorsi Musicali) A editora lusa Creative Sources, que celebrou o seu 100º lançamento com a edição do disco "Stills" da Variable Geometry Orchestra, apresenta o seu festival. No sábado, dia 10, a partir das 21h00, a Bomba Suicida (na Rua Luz Soriano, ao Bairro Alto) acolhe o festival Creative 01. Nesta noite será apresentada uma sequência de espectáculos de 13 duos, que actuarão cerca de dez minutos cada um. Participarão neste evento nomes ligados à improvisação como Adriana Sá, Davia Maranha, Rodrigo Amado, Sei Miguel, Hernâni Faustino, Peter Bastiaan, António Chaparreiro, Luís Lopes, Eduardo Chagas e até mesmo o responsável da editora (e da iniciativa), Ernesto Rodrigues. Nuno Catarino (Bodyspace) Ernesto Rodrigues é un dos grandes nomes da improvisación electroacústica (http://rateyourmusic.com/genre/EAI/). A súa práctica privilexia o imprevisible a partir do encontro creativo con outros músicos nos máis diversos contextos. O seu extenso traballo está sobre todo documentado en Creative Sources, editora que inicou en 2001 e que é hoxe unha das máis relevantes do panorama internacional. Ricardo Guerreiro (ordenador) colaborou regularmente con ER ao longo dos últimos anos sexa en grupos como IKB ou en formacións máis reducidas ao lado de nomes como Axel Dörner ou Radu Malfatti. O saxofonista Bertrand Gauguet, un dos músicos máis interesantes e activos da actualidade, visita a península ibérica para unha pequena serie de concertos con este trío, que ten inicio en Galicia e pasa polo Porto antes do concerto final no Panteón Nacional en Lisboa. (Alg-a Lab) Alto nível Com nove concertos divididos em três dias, na Galeria Zé dos Bois e na Igreja de St. George, o festival da editora Creative Sources juntou uma boa parte dos músicos activos na cena da improvisação em Portugal. O nível esteve sempre por cima. Nos dias 7, 8 e 9 de Novembro aconteceu a oitava edição do Creative Fest, o festival da editora Creative Sources. Esta já se aproxima dos 300 títulos editados, numa linguagem de modo geral próxima do near silence, e alinhou para o efeito uma mescla de formações trabalhadas regularmente e outras em estreia absoluta, com concertos entre a ZDB e a Igreja de St. George, em Lisboa. Desordeiramente A abrir o primeiro dia tivemos um trio constituído por Paulo Curado na flauta, Miguel Mira no violoncelo e João Madeira no contrabaixo. Mira e Madeira têm vindo a desenvolver uma proveitosa parceria, nomeadamente no projecto Sopa da Pedra, com a trompetista Hilaria Kramer. A dupla de graves em festa apresentou-se desta vez com Curado, evidenciando uma sólida união entre estes músicos. Numa actuação algo curta, o trio apresentou-se coeso sobre um pulsar comandado por Mira e seguido desordeiramente pelos restantes elementos. De seguida tocaram Albert Cicera nos saxofones, Hernâni Faustino no contrabaixo e Rodrigo Pinheiro na electrónica. Todos os concertos do festival, com mais ou menos decibéis, se enquadraram numa linguagem abrangente associada ao experimentalismo e à improvisação. Sem fugir a esse género alargado, esta actuação evocou o seu quê de “chill out”, banhando a Galeria Zé dos Bois com um “feeling” de praia no Inverno, talvez muito por culpa de Pinheiro. O também pianista criou uma envolvência electrónica a lembrar o som de ondas no mar. Se Rodrigo Pinheiro foi a maré, as cordas granosas do contrabaixo de Faustino foram a areia. O sopro de Cicera foi o vento carregado de maresia salgada, ora mais contido, ora num final mais melódico e expansivo, como se John Lurie estivesse em São Pedro de Moel num dia mau de Dezembro. O terceiro de quatro concertos do primeiro dia contou com José Bruno Parrinha no clarinete, Yaw Tembe no trompete e Guilherme Rodrigues no violoncelo. Foi o concerto mais reducionista do dia, com momentos de evidente tensão silenciosa. Rodrigues é peixe dentro de água neste registo, ao contrário de Parrinha e Tembe, que por vezes resvalavam para zonas mais cinzentas. O som geral ganhava sempre que havia cedências no braço de ferro idiomático e ou se assumia a contenção ou se libertavam os sopros para cenários em que pudessem cantar à vontade. O último concerto da noite era também o mais esperado. A sala encheu-se para ouvir os Bande à Part a comemorar o lançamento do seu primeiro disco, “Caixa Prego”. A banda é constituída por Joana Guerra no violoncelo, Ricardo Ribeiro nos clarinetes e Carlos Godinho na percussão. Tocando num registo a respirar sangue e ideias novas e contendo em si todos os ensinamentos retirados da velha guarda da improvisação portuguesa, este trio reúne o melhor de dois mundos. Excluindo o prolífero e eterno duo de Sei Miguel e Fala Mariam, os Bande à Part foram o grupo mais continuado de todo o festival, e isso ouviu-se, distanciando-os das formações ad-hoc. O conhecimento mútuo e os papéis complexos e mutáveis bem definidos entre os três fazem deste um dos projectos mais sólidos e interessantes da cena actual de música improvisada em Portugal. Mereciam um lançamento de disco com mais destaque, embora se tenham inserido muito bem na programação deste Creative Fest. Do caos ao xadrez O segundo dia de concertos na ZDB começou com um duo do percussionista José Oliveira e da cantora Maria Radich. Para além de uma panóplia de pequenos objectos sobre um timbalão de chão, o primeiro usou uma concertina, “field recordings” e um balde com água. Mesmo com as luzes reduzidas, esta não deixou de ser uma apresentação muito visual, com Oliveira a multiplicar-se entre instrumentos com grande presença cenográfica e Radich, também bailarina, a usar o corpo como complemento natural da voz. Qualquer um dos três duos da noite se poderia dividir entre yins e yangs: neste caso, José Oliveira estaria remetido a um papel de natureza na sua busca por um caos inato e Maria Radich emprestava a sua voz a civilizações inteiras. Sei Miguel (trompete) e Fala Mariam (trombone) reinterpretaram de seguida o tema “Asterion”, peça escrita e estreada em 1999 e parte do disco “Ra Clock”, cuja interpretação conta com os músicos Monsieur Trinité e Paulinho Russolo, para além de Miguel e Mariam. Sei Miguel introduziu a peça com uma explicação: o minotauro (Asterion – meio homem, meio animal, meio divino) condenado a passar a sua vida a percorrer um labirinto é mais representativo da condição humana do que o herói que o mata. O trompete, enquanto instrumento associado à tourada, tem nesta peça um papel ambíguo. O ataque das notas de Sei Miguel representa tanto a melodia de um Teseu toureiro celeste, como a complexidade associada à existência da criatura mitológica. Já o trombone é um yin assumido da escuridão monstruosa do minotauro, o bom diabo. O não-jazz de câmara mediterrânico ali ouvido deixou-nos a chorar por mais. Seguiu-se um duo de electrónicas, por João Silva e Carlos Santos. Sentados frente a frente, utilizando uma mesma mesa de mistura e objectos amplificados, remeteram-nos para um cenário bergmaniano no qual ambos jogavam xadrez contra a morte. Se Santos pode ter uma propensão para os sons inorgânicos, Silva trouxe consigo uma bagagem cheia da filosofia e da sonoridade asiáticas. O jogo de xadrez acabou empatado entre a musique concrète e o “drone”. Sugerem os estudiosos desta matéria que a música surgiu com a repetição dos ritmos dos passos, das enxadas a cavar e do grito transformado em canto. Ritmo e melodia organizados de acordo com padrões reconhecíveis. Ora, aquilo que se pôde ouvir neste festival em geral e no último concerto do segundo dia em particular foi uma organização sonora de acordo com pormenores do mundo audível que poderão facilmente passar despercebidos. O trio composto pela principal figura da Creative Sources, Ernesto Rodrigues, na viola, Nuno Torres no saxofone alto e Nuno Morão na tarola explorou, sobretudo, esse mundo de subtilezas. Aquilo que poderá passar por estranheza para a maioria talvez o seja devido à falta de atenção àquilo que nos rodeia. Por essa ordem de ideias, Torres parecia saído de outro planeta, emanando sons para os quais não há onomatopeias satisfatórias. Mestre na arte da tensão, Rodrigues geriu pacientemente as suas intervenções. Não haverá muitos percussionistas à altura da ingrata e difícil tarefa de acrescentar alguma coisa num registo reducionista, mas Morão foi responsável por muita da cor ouvida no último concerto a ocorrer na ZDB. Rhinocerus Ficou guardado para a Igreja de St. George o último concerto do Creative Fest, com o IKB Ensemble, também a comemorar o lançamento de um CD, “Rhinocerus”, gravado ao vivo no Panteão Nacional. O colectivo reuniu 18 músicos, a saber Ernesto Rodrigues, Marian Yanchyk, Guilherme Rodrigues, Miguel Mira, José Oliveira, Maria Radich, Bruno Parrinha, Paulo Curado, Nuno Torres, Yaw Tembe, Eduardo Chagas, Gil Gonçalves, Abdul Moimême, Armando Pereira, Rodrigo Pinheiro, Carlos Santos, João Silva e Nuno Morão. A maioria dos membros do IKB participou nas formações que tocaram nos dias anteriores do festival. Mais do que um grande número de pessoas a tentar tocar pouco e baixinho, este “ensemble” quase-near-silence primou pelas dinâmicas estereofónicas que causam um imenso impacto. Embora com poucos devotos na igreja, o naipe de instrumentistas muito rico em timbres cumpriu com PROFISSIONALISMO e sentido de compromisso um bom concerto, que esperemos que resulte em mais uma edição Creative Sources. Bernardo Álvares (Jazz.pt) Ao leme da editora Creative Sources o violista Ernesto Rodrigues tem sido responsável pela construção de um arquivo sonoro que já se aproxima dos trezentos volumes. Fundada no ano de 2001, e actualmente já com 285 discos editados, a editora tem hoje em dia um catálogo fenomenal, verdadeiramente representativo daquilo que é a improvisação no século XXI. Especialmente associada ao reducionismo, a editora não se tem limitado a uma estética única, com algumas aproximações ao FREE jazz e à improvisação mais abrangente, promovendo sobretudo músicas que privilegiam o detalhe e o pormenor sonoro. Pelas edições da Creative Sources têm passado músicos portugueses essenciais (como Manuel Mota, Margarida Garcia, Hernâni Faustino, Rafael Toral ou Sei Miguel), além de figuras internacionais (como Peter Evans, Radu Malfatti, Oren Marshall, Rhodri Davies, Axel Dörner, Mazen Kerbaj, Dan Warburton, Urs Leimgruber, Tetuzi Akyiama, Christian Lillinger, Jean-Luc Guionnet, entre muitos outros). Na continuação ao TRABALHO de revisão da obra da editora (depois de termos passado pelos períodos de 2005-2006 e 2007-2010), fazemos agora uma recapitulação ao trabalho mais recente da editora, com uma selecção de álbuns editados nos últimos três anos, todos contando com a participação do violista e mentor da editora, Ernesto Rodrigues. A improvisação continua. Nuno Catarino (Bodyspace) Concerto de música de câmara electroacústica para seis músicos, baseada em improvisação estruturada próxima da corrente estética "near silence" ou reducionista. A abordagem de cada músico aos diferentes instrumentos, neste caso, cordas acústicas e eléctrica, percussão, saxofone, trompete e electrónica, põe em evidência a exploração textural e sonora dos timbres em situações de micro-grupos ou em densidades e dinâmicas de conjunto, acentuando a sua relação com o espaço envolvente. Esta reunião de intérpretes/ compositores é protagonizada por Ernesto Rodrigues que desde há cerca de 20 anos se apresenta como um dos violinistas mais importantes do panorama musical português, abarcando diversos estilos, desde a música contemporânea, ao free-jazz, à música improvisada ao vivo e em estúdio. (Miso Music) Ernesto Rodrigues (n. 1959), violinista, constitui-se como outro exemplo de músicos improvisadores que iniciaram a sua atividade no final dos anos 70, início dos anos 80, com Carlos Bechegas e Jorge Valente, tendo sido influenciado pelo grupo Plexus, de Carlos Zíngaro. A sua linha estético-musical desenvolveu-se, no entanto, a partir de fundamentos distintos dos do free jazz, centrando-se na exploração de texturas sonoras acústicas e eletrónicas mais próximas da corrente denominada near silence180, tendo vindo a fundar a editora Creative Sources, em 1999, vocacionada para a música improvisada, e o grupo de improvisação Variable Geometry Orchestra, em 2000. Manuel Guimarães (Tese de Mestrado) Pelo terceiro ano consecutivo acolhemos o Festival Creative Sources, mostra superlativa do catálogo da influente e multifacetada etiqueta de música experimental improvisada, fundada por Ernesto Rodrigues.. Fundada pelo músico Ernesto Rodrigues em 1999, a Creative Sources é uma das mais importantes editoras a nível mundial no campo da música experimental e electro-acústica. Aproveitando a edição de ‘Caixa-Prego’ do Trio Bande à Part, acolhemos um festival exclusivamente dedicado a este catálogo. Ernesto Rodrigues + Nuno Torres […] Ernesto Rodrigues, tem vindo, especialmente nas últimas duas décadas, a realizar uma obra ímpar no campo da edição de música improvisada (criou a sua própria editora), bem como a realização de concertos e gravações de música improvisada, em especial, na estética do Near Silence, com quem tocou e gravou com o fundador desta nova tipologia musical: Radu Malaffati. O segundo dia do Sonic Scope arrancou com um quarteto do patrão da editora Creative Sources, Ernesto Rodrigues (foto no topo), com Nuno Torres, Guilherme Rodrigues e Carlos Santos. Em modo reducionista, como estes músicos nos têm habituado, segundo o mote dado pelas várias culturas em que é sinal de sabedoria falar pouco ou em baixo volume. Qualquer guinchar de cadeiras ou chão, qualquer passo de alguém que estava no concerto errado a sair da sala se tornava música a acrescentar a este ensemble que vive tanto da sua precisão cirúrgica como das forças do acaso, criando melodias esquisitas nas entrelinhas (micro-pressão dos arcos, micro-oscilações do sopro, um ligeiro tremer de mão…). A electricidade de Santos foi o sistema sanguíneo a bombear a orquestra de quase mudos, enquanto as cordas evidenciaram bem a madeira de que são compostas e Nuno Torres voltou a demonstrar que o segredo para o melhor som do mundo se encontra na saliva. Bernardo Álvares (Jazz.pt) Although I described Sediment as "capping" 2014, and indeed it's the latest release I've added to my favorites for last year, there's still at least one more 2014 album to discuss in this space: Primary Envelopment by Wade Matthews & label curator Ernesto Rodrigues on Creative Sources, with Javier Pedreira & Nuno Torres. I didn't hear Primary Envelopment until recently, because I was waiting for the Creative Sources releases to come to USA, but that hasn't happened since the first half of last year — I don't know why. In any case, while having USA distribution is more convenient, between the vagaries of international shipping, and places like Squidco including things like recording dates & sound samples online, the recordings are & have been available straight from the label in Portugal, which is where I turned. I'm dwelling on this aspect a bit, because I'm concerned about people being able to hear the many interesting releases that Ernesto Rodrigues produces. Creative Sources has over 300 titles now (and I'll have to make another order for some of the latest), including many unique offerings. Indeed, I keep learning that a musician whom I "discover" only recently via other channels had a release on Creative Sources years ago. So that's impressive, and Rodrigues obviously has a great ear: The label has a reputation for a lot of similar releases, and Rodrigues's own blog does mention "refinement & restraint" and a focus on texture, but these qualities can make for vastly different results. The label also has quality design & packaging, even if their online information seems a little sparse (like the music?) at times. Todd McComb (medieval.org) Ouvir os últimos registos do improvisador português que mais discos tem editados é observar a presente evolução da tendência de que é o principal representante neste país: o reducionismo. Em análise 14 títulos que revelam as novas características desta corrente e o papel que nelas está a ter o violetista de Lisboa. Não é Ernesto Rodrigues e o reducionismo que se estão a moderar ou a ceder aos usos instalados. Esta continua a ser uma das poucas áreas que mais inovações técnicas e de vocabulário têm trazido à música. Simplesmente, a prática reducionista libertou-se – sinal de maturidade – do peso que alguma inclinação dogmática nela estava a ter. Havia demasiadas proibições para que este tipo de improvisação fosse realmente espontâneo. Rui Eduardo Paes (Jazz.pt) O outro lado da Creative Sources A editora de Ernesto Rodrigues não publica apenas as novidades do reducionismo e da improvisação electroacústica. O seu catálogo inclui também alguns títulos com instrumentações mais convencionais e um mais claro alinhamento com o jazz. Analisamos aqui sete exemplos recente. A Creative Sources é habitualmente identificada com a corrente reducionista da improvisação, e quando assim não acontece o que se sublinha é o seu alinhamento com as actuais tendências da música electroacústica tocada em tempo real. E no entanto… o selo lisboeta dirigido pelo violetista Ernesto Rodrigues lança, igualmente, alguns registos do autodesignado jazz criativo ou próximos da tradição do free jazz. Aqui em análise estão sete exemplos (mais do que se poderia esperar, na verdade) desse investimento lateral, publicados no último ano. Como não podia deixar de ser, esta outra, e menos comentada, vertente da Creative Sources surge com vários matizes. Pode ir desde a mais explícita incursão na estética do grito inaugurada por Albert Ayler, aquilo a que os improvisadores mais experimentais chamam – mal ou bem – ”old school”, até uma música exploratória com vagas ligações reminiscentes com a gramática e o património do jazz. Entre um “estado” e o outro passando por diversos níveis de relacionação com essa matriz, entre distanciamentos e aproximações. Vejamos como, caso a caso… Rui Eduardo Paes (Jazz.pt) Violinist/violist, composer, and improviser Ernesto Rodrigues lives in Lisbon but also has a house on Pico and runs the Creative Sources label, which appears to be a great entry point into current Portuguese improvised music. I first encountered him in a video by artist Emanuel Albergaria, improvising with Gianna de Toni, an Italian guitarist and bassist living in Ponta Delgada, São Miguel, where she teaches guitar in the conservatory. She's involved in various musical activities, playing classical guitar, in symphonies and jazz groups, and in a contemporary folk group with Rafael Carvalho (she's also featured in the version of Roxanne mentioned above). Rodrigues and de Toni can be heard together on the CD Trees, an album of beautiful free improvisations with cellist Guilherme Rodrigues, soprano saxophonist Christophe Berthet, and electric bassist Raphael Ortis. Here is a live recording of Rodrigues in a quartet with Guilherme Rodrigues, Jassem Hindi, and Tisha Mukarji. Steve Peters (Deep Songs) Dura toda uma semana, de 24 a 29 de Novembro. É a mais longa edição do festival da Creative Sources, o outro caso de sucesso, a par da Clean Feed, da edição discográfica portuguesa na área da improvisação, com alguma electroacústica e algum jazz à mistura entre mais de 300 títulos publicados. Serão quatro os locais ocupados pelo Creative Fest, a Ler Devagar (Lx Factory), o Desterro, o O’Culto da Ajuda, a ZDB (o único espaço em que o evento se realizará em dois dias consecutivos) e a St. George’s Church, sempre em Lisboa. A 9ª edição do Creative Fest, o festival que reúne a família da editora Creative Sources, realiza-se este ano entre os dias 24 e 29 de Novembro. Durante seis dias serão apresentados concertos de música improvisada em cinco espaços lisboetas diferentes. O festival arranca no dia 24 na Ler Devagar, na Lx Factory, que acolhe três concertos: quarteto de Paulo Galão, Paulo Gaspar, João Madeira e Alvaro Rosso; trio de José Bruno Parrinha, Ricardo Jacinto e Luís Lopes; e o ensemble "Suspensão", com Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues, Nuno Torres, Eduardo Chagas, António Chaparreiro, Carlos Santos, Miguel Mira e Nuno Morão. No dia 25 o O'Culto da Ajuda recebe a actuação do colectivo IKB, grupo de grande dimensão e formação variável. No dia 26 o Desterro vai acolher duas actuações: duo de Paulo Alexandre Jorge e Manuel Guimarães; e duo de Luís Vicente e Joaquim de Brito. A Galeria ZDB vai acolher concertos em dois dias, nos dias 27 e 28. No dia 27, sexta-feira, há cinco concertos: solo de Simon Vincent; solo de Maria da Rocha; duo "Sirius" de Yaw Tembe e Monsieur Trinité; trio de António Chaparreiro, Bernardo Álvares e Nuno Morão; e "Lost Socks" de Marco Von Orelli e Sheldon Sutter. No sábado, 28, a ZDB recebe mais cinco concertos: trio de Maria do Mar, Luís Rocha e Adriano Orrú; e ADDAC Quarters, de André Gonçalves, Filipe Felizardo, Nuno Moita e Ricardo Guerreiro; trio de Albert Cirera, Abdul Moimême e Alvaro Rosso; "Angel Trio" de Stephan Sieben, Adam Pultz e Hakon Berre com o convidado Paulo Chagas; e quinteto de Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues, Nuno Torres, Eduardo Chagas e Carlos Santos. O festival encerra no domingo, dia 29, às 17h00 na Igreja de St. George, com a actuação da Variable Geometry Orchestra, ensemble de grande dimensão que vai reunir no mesmo palco a maior parte dos anteriores participantes no festival. Nuno Catarino (Bodyspace) Contando este ano com 14 anos de actividade ininterrupta, num catálogo imponente com mais de 300 edições, a editora de Ernesto Rodrigues tem vindo a sedimentar uma visão profundamente idiossincrática por entre os meandros da música improvisada, com um vigor e propriedade únicos. Embora habitualmente conotada com as estratégias da improvisação lower case e do reducionismo, que têm no seu mentor um dos nomes mais fulcrais, não se esgota nesses pressupostos, abrindo espaço para edições tangentes a alguma electrónica mais abstracta, ao jazz, à música contemporânea e electro-acústica e demais formas incatalogáveis com um sentido de direcção inatacável que se celebra em vários pontos da cidade e que tem na ZDB ponto de paragem natural e obrigatório nos dias 27 e 28. (ZDB) Creative Sources est devenu un label qui compte au fil des ans avec un catalogue énorme (plus de 330 références). S’il fonctionne sur le mode de l’auto-production des artistes impliqués, Ernesto Rodrigues veille à ce que la musique produite révèle de nouveaux talents, des produits soignés, une recherche expérimentale assumée et intéressante ou de l’improvisation libre pointue de haute qualité, exigeante. De plus en plus souvent, on y découvre de vraies perles dans le domaine de l’improvisation libre, au-delà du parti pris de la démarche réductionniste radicale, new silence, soft noise, EAI (etc) sans concession qui fut la marque de fabrique de CS à leurs débuts et dont Ernesto est un remarquable praticien. Un vrai plaisir de l’écoute partagé. En outre, le graphisme des pochettes cartonnées (depuis peu!) est superbe grâce au travail du fidèle Carlos Santos. Le noyau de Rodrigues père et fils (Guilherme) ont produit des dizaines d’albums intéressants dans une belle démarche radicale en compagnie d’improvisateurs issus d’horizons divers. Certains albums sont réellement de vraies réussites comme l’orchestre IKB. Et donc, comme plusieurs labels historiques passent tout doucement la main (Incus, Emanem, Psi, FMP, NurNichtNur), d'autres cessent leur activité ou s’alignent sur un jazz libre de bon aloi (Intakt), notre label portugais est devenu une référence incontournable. Jean-Michel van Schouwburg (Orynx) Parmi les musiciens nouveaux venus dans la scène improvisée radicale internationale au début des années 2000 et qui apportèrent une nouvelle dimension au développement de la musique improvisée, il est impensable d’omettre l’altiste portugais Ernesto Rodrigues. J’imagine que le critique lambda pensera « Ah oui, il a un label et il joue aussi ». Mais il se fait que son catalogue a atteint 340 références en offrant des produits soignés avec des prises de son impeccables tout en publiant exclusivement les musiques les plus pointues. Point de ralliement d’une nouvelle génération « réductionniste » (Denzler, Guionnet, Mariage, Sehnaoui frère et sœur, Mazen Kerbaj, Birgit Ulher, Heddy Boubeker, Rhodri Davies, Masafumi Ezaki, Rodrigues père et fils, Jason Kahn, Axel Dörner, Wade Matthews, Stéphane Rives, Bertrand Gauguet, David Chiesa, Boris Baltschun, Kai Fagaschinski, Carlos Santos et nombre d’artistes sonores expérimentaux), le catalogue CS s’est étoffé petit à petit avec des artistes tels que Richard Barrett, Stefan Keune, Jacques Demierre, Ute Wassermann, Alexander Frangenheim, Jacques Foschia, Isabelle Duthoit, Ariel Shibolet.. Sans pour autant rechercher les pointures, c’est un peu par hasard qu’on y trouve Jon Rose, Roger Turner, Gunther Christmann ou Urs Leimgruber et quelques chefs d’œuvre comme ceux que je viens de chroniquer cette semaine. Non content de travailler comme un fou pour son label, Ernesto Rodrigues a rencontré une multitude d’improvisateurs de quasiment tous les pays d’Europe, suscitant de superbes rencontres. Très austère au départ, sa pratique de l’instrument me l’avait fait qualifier (en souriant) de travail d’ébéniste, tant son chantournage maniaque faisait crisser et grincer l’archet comme si c’était un couteau à bois dans mobilier squelette, univers où la pulsation même la plus décalée et la moindre trace de mélodie était inexorablement évacuée. On aurait cru que les bois de son violon alto et du violoncelle de Guilherme gémissait et criait sous une torture sadique. Cet univers à la fois cartésien et intériorisé a culminé dans London, un enregistrement de concert assez court avec son fils Guilherme au violoncelle, Alessandro Bosetti au sax soprano, Angarhad Davies au violon, et Masafumi Ezaki à la trompette, ou Drain, un intrigant trio de cordes avec Guilherme Rodrigues, à nouveau, et le violoniste Mathieu Werchowski. Jean-Michel van Schouwburg (Orynx) Antes de mais, saúde-se o magnífico trabalho da editora que acaba de publicar este disco. Registado na lombada como “CS299”, este lançamento representa a 299ª edição da label Creative Sources, fundada e sedimentada por Ernesto Rodrigues ao longo da última década e meia. Três centenas de gravações de música improvisada, juntando muitos músicos portugueses e alguns grandes nomes da cena internacional, merecem justamente a celebração. E merece um aplauso especial por se tratar de uma música muito específica, sem apelo comercial. Ao longo de todos estes anos a Creative Sources tem apresentado um trabalho sério de edição regular, com qualidade e coerência estética. Trata-se de improvisação pura, com ênfase na vertente reducionista, mas não só: o catálogo vai da improvisação mais abstracta até às fronteiras do jazz. Nuno Catarino (BodySpace) Ernesto Rodrigues’ haunting freeform orchestra returns with a massive, reverberating slab of sound. A great example of how a deft conductor can overcome the problems of large-scale improvisation. Dan Sorrels (The Free Jazz Collective) A décima edição do festival da editora Creative Sources serviu, mais uma vez, para perceber por onde vão os caminhos da música improvisada e de como nesta área não existem cartilhas. Aqui ficam algumas palavras sobre o que a jazz.pt ouviu… A plateia do O’Culto da Ajuda estava numerosamente preenchida por músicos de várias tendências (por exemplo, Marco Barroso, Gil Dionísio e Nuno Moita, figuras que não identificamos com o universo Creative Sources), o que é um sinal curioso do apreço da comunidade pelo trabalho desenvolvido por este grupo de pessoas. A Creative Sources pode não ter a relevância mediática da Clean Feed, apesar do nascimento de ambas mais ou menos pela mesma altura e de, como aquela, ter um catálogo que ronda os 400 títulos (sim, 400!), mas a importância que vai tendo para a cena internacional da improvisação livre é muito semelhante à que relativamente ao jazz tem a editora liderada por Pedro Costa. Algo a que não se está a dar a devida importância, num país tradicionalmente indiferente à criatividade dos seus artistas e aos feitos dos seus promotores culturais. A jazz.pt assistiu às prestações das duas Marias, do duo de Pinheiro e Torres e do de Lopes com Lonberg-Holm… [...] De resto, a esse nível, a mensagem que passou foi a de que improvisar, por estes dias, não tem uma cartilha. O Creative Fest é um medidor de tendências a que devíamos dar toda a atenção, e esta edição esclareceu mais alguns pontos evolutivos. Venha a próxima. Rui Eduardo Paes (Jazz.pt) New from Creative Sources Records, {the} nature {of things} likes to hide [CS393]. A layered composition by Ernesto Rodrigues (viola) and Guilherme Rodrigues (cello), responding to two foundation tracks by me on prepared bass and granular synthesizer, respectively. As always, Ernesto and Guilherme play sensitively and appositely. (What is it that hides its nature? The double bass, first through preparations and extended technique, and then through granulation.) Daniel Barbiero (danielbarbiero.wordpress) Ernesto Rodrigues has a formidable discography. After launching Creative Sources in 2001 to begin documenting his own music, the label has grown to become an icon of free music—especially music preoccupied with silence and space, texture and timbre. As the label has expanded to encompass more artists, Rodrigues has continued to release his own projects and collaborations with musicians from across the globe. Now, more than 15 years later and with over 100 releases to his name, it can be intimidating to approach Rodrigues’ oeuvre. But it would be a shame to avoid it for fear of not knowing where to start. Though all born of the same musical sensibility, Rodrigues’ discography could be grouped according to the varied approaches he takes to free improvisation. There are his large group experiments like Variable Geometry Orchestra, IKB, or Suspensão; his lowercase pursuits with musicians like Martin Küchen, Heddy Boubaker and Radu Malfatti; and livelier, more ‘traditional’ interplay on early discs like Multiples or recent releases with musicians like Roland Ramanan, Biliana Voutchkova, and Phillip Greenlief. There are also long-form engagements: with electroacoustic music and the use of computers and electronics in improvisation; with other strings, pushing ceaselessly against conservatory conceptions of string instruments and their place in music; and ongoing dialogues with close musical comrades like Carlos Santos, José Oliveira, Nuno Torres, and his son, Guilherme Rodrigues, who has appeared on many of his albums, dating back to the first Creative Sources release. Regardless of the specific approach, there’s an aesthetic that underlies all of Rodrigues’ music, one that values the space that surrounds him as much as the music he then puts into it. It also values the spaces between sounds and gestures, constantly weighing the balance between what exists in the moment before a musical act and what that act might add. David Toop writes in Into the Maelstrom that “music is a respiratory motion – created in the moment of action then fading away – and through that common bond of presence and absence all sounds are connected.” Thinking of music in terms of breathing—especially improvised music like Rodrigues’—has a certain appeal: something about sound as an exhalation; about silence as the corresponding inhalation, a necessary rest between sounds pushed out into being (and from which all is drawn in that gives those sounds meaning); about organic and corporeal rhythm, tied not to strict tempo but to the thrumming energy that marks the very state of being alive. Dan Sorrells (The Free Jazz Collective) […] A “triple bill” arrancou no Armazém 22 com o Lisbon String Trio de Ernesto Rodrigues, Miguel Mira e Alvaro Rosso, contrabaixista do Uruguai residente na capital portuguesa. Com estes intervenientes, gerou-se a expectativa de que o grupo de cordas trabalhasse na área de fronteira ente as duas grandes correntes da música de câmara improvisada, aquela que segue as premissas texturais e tímbricas do reducionismo, de que Rodrigues é entre nós o principal cultor, e a que é fiel às lógicas narrativas e de fraseado da livre-improvisação original (Mira é também membro do Staub Quartet, com Carlos “Zíngaro”, Hernâni Faustino e Marcelo dos Reis). Assim sucedeu, e com um espírito colectivista que foi fundamental para os desenlaces: um dos executantes atirava com um som, outro acrescentava-lhe um mais e com o terceiro completava-se um acorde. Foi quase sempre este o procedimento construtivo utilizado, em plena interacção e sem solos convencionais, indo do muito simples, cru e despido até complexas filigranas, estabelecendo um («raro», como dizia Paulo Alexandre Jorge na apresentação) mundo pós-clássico e pós-jazz. Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)
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