|
ordinary music vol.3 |cs136
|
|
Vindo das artes plásticas e interessado em aplicar como músico (violino neste disco, piano em outras realizações) as ideias que nesse campo vem desenvolvendo, Nicolaus Gerszewski designa por “Ordinary Music” a música enquanto arte não representativa, ou seja, enquanto abstracção. Participam neste terceiro volume de uma série de 18, com instrumentos e intervenientes vários, os improvisadores portugueses Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues e Hernâni Faustino. Com base em diagramas e instruções escritas, na tradição Fluxus e com referências no indeterminismo de John Cage e Christian Wolff ou nos processos de Cornelius Cardew, o quarteto de cordas trabalha de forma interessante, ainda que sem especial brilho, conceitos como os de “espaço sonoro”, “superfície sonora” e “objecto sonoro”. Ouve-se bem, mas não podemos deixar de desejar algo mais do que a abordagem paisagística intencionada... Rui Eduardo Paes For string trio and double bass (with the Rodrigues' and bassist Hernani Faustino as well as the composer on violin). G¸erszewski has developed notation purportedly playable by "musical laymen" as well as professionals. Perhaps so, but the net result seems rather indistinguishable from any number of string works from the 60s on, interweaving traditional and extended techniques. Brian Olewnick (Just Outside) NIKOLAUS GERSZEWSKI komponierte die Ordinary Music Vol.3 for String Trio & Double Bass (cs 136). Gespielt wird die 38-min. ‚lyrische Abstraktion‘ und ‚Klangmalerei‘, die, angelehnt zwar an Cardew und Wolff, eigene chromatische Aspekte in den Vordergrund stellt, von im selbst an der Violine, Ernesto Rodrigues an der Viola, dessen Bruder Guilherme am Cello und Hernâni Faustino am Kontrabass. ‚Ordinary‘ meint hier wohl kaum ‚ordinär‘, aber ‚ganz normal‘ und ‚gewöhnlich‘ sind diese diskanten Glissandos und Pizzikatos, dieses abwechselnd kratzige, schrille oder sonore Gefiedel und Geknarze allenfalls in der ‚Vorsicht, Musik!‘-Kiste. Rigobert Dittmann (Bad Alchemy) Totally mysterious to this
purple prose etcher until this morning, the sounds imagined by Nikolaus
Gerszewski possess the qualities typical of those produced by time-honoured
composers, despite the fact that he started his music-writing activity
– as an autodidact - only in 2003, after having worked as a visual
artist and writer in previous years. The impulse for this new expressive
method, influenced both by the aforesaid experiences and the studying
of opuses by John Cage, Cornelius Cardew and Christian Wolff, came in
the exact moment in which Gerszewski concentrated on the theory of “ordinary
music”, the term implying a continuation of the non-representational
features of figurative art in the sonic realm and the participation of
trained and untrained musicians to the execution of materials mainly built
on the superimposition of “layers, surfaces and objects”,
thus privileging the spatial dimension as opposed to the temporal. O alemão Nikolaus Gerszewski vem desenvolvendo um sistema de notação musical próprio, que combina uma série de indicações escritas com sinais visuais - para os curiosos, o “score” desta peça Ordinary Music Vol. 3 (For String Trio & Double Bass) encontra-se disponível aqui. Este quarteto de cordas liderado por Gerszewski (violin), é constituído por Ernesto Rodrigues (na viola), Guilherme Rodrigues (filho de Ernesto, colaborador habitual dos seus diversos projectos, no violoncelo) e Hernâni Faustino (do trio do japonês Nobuyasu Furuya e do excelente RED Trio, no contrabaixo). Incrivelmente, a música deste disco foi gravada ao vivo num concerto no Goethe Institut em Lisboa, em Fevereiro de 2008, e o grupo não realizou qualquer ensaio prévio. Parece mentira, dada a união dos instrumentos, dada a musicalidade que resulta com aparente naturalidade. Após um início porventura canónico, marcado pelas cornucópias das cordas com arco (violino, viola, violoncelo, contrabaixo), numa improvável “acessibilidade”, os instrumentos embarcam numa toada lenta, paisagística. De seguida entram numa espécie de turbulência, implicando-se em choques e confrontos, para pouco depois o grupo regressar à união. Mantendo-se sempre numa permanente comunicação, este regresso à linearidade realça de novo a musicalidade da cordas. Para o final os instrumentos deixam-se abafar, até se chegar a uma espécie de zumbido, contrastando com a massa sonora cheia percorre quase todo o disco. Impecavelmente unido, com alguns desvios menos óbvios, este é uma surpresa de um catálogo marcado pela coerência. Nuno Catarino (Bodyspace) |