Sounding Dialectics |cs281

 

 

 

 

 

 

 

 

Agora, dois duos com a participação de Udo Schindler, multi-instrumentista germânico que vem dando particular atenção às variantes baixo e contrabaixo do clarinete, mas também utiliza o saxofone soprano e, em “Empty Pigenhole”, a corneta. No primeiro caso, o do disco referido, ouvimo-lo com a pianista Elisabeth Harnik e no segundo, “Sounding Dialectis”, com o saxofonista alto e também um dos grandes cultores do clarinete baixo na actualidade, Frank Gratkowski. As companhias determinam-lhe os rumos tomados… Com Harnik faz pensar num Braxton de sonoridade rude, sem a influência cool/West Coast admitida por este, mas com a mesma dualidade referencial no jazz e na música clássica do século XX. Com Gratkowski é bem menos cerebral, chegando a uma espécie de animalismo sónico que antecede a própria musicalidade. “Sounding Dialectics” como que define o que está em causa com um duo, qualquer duo. A construção de uma dialéctica no mais puro sentido hegeliano: uma tese e a sua antítese confluem numa síntese. Schindler e Gratkowski não se escutam para se encontrarem, escutam-se para que não se encontrem, cuidando que o que digam seja uma conversa e não dois monólogos. O resultado das suas trocas de argumentos não é um mínimo denominador comum ou um compromisso, mas outra coisa. Uma síntese que é o princípio de outra tese, clamando por outra antítese. Não há comunicação quando se gerem redundâncias e aqui está uma óptima comprovação dessa máxima. Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)