days are not days |CS 380

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

When an improvised recording presents itself as a meteor, some foreign object from another civilization, like Days Are Not Days does, we should rejoice that it has entered our atmosphere and like a bolide, exploded upon contact.

Okay, this recording by Portuguese saxophonist and flutist Paulo Chagas, and guitarists Samuel Hällkvist, from Sweden, and Stephan Sieben, from Denmark, isn't a bomb. It is, though, an improvised explosive device, pieced together from chamber music debris, ambient dregs, noisy scraps, blues flotsam and rock jetsam.

This trio was organized by Hällkvist for a festival in Portugal in 2014, and soon after recorded this session under the supervision of famed guitarist and producer David Torn, who has overseen discs by Tim Berne and Dave Douglas. Like Torn's Only Sky (ECM, 2015), this set juxtaposes harshness with mildness. Even the titles mash. "Era um nevoeiro e um sapo, dos jogos de computador, do spectrum, dos xizes e das cruzinhas, das várias vidas por bater" translated from the Portuguese "It was a fog and a frog, computer games, the spectrum, the exes (x's) and little crosses, of the various lives to beat," opens with spacey guitars and upper register saxophone squeal developing into an almost ballad that is then opened up into circular breathing saxophone and some conspicuous guitar shred. The noisy merger soon becomes a sort of meditative mantra of sound, then an imagined dance piece that implodes. The delight here is the fabrication of sounds. From the touch tones to the thunder, guitars (and woodwinds) extend their vocabularies to conjure in the mind's eye imagined spacetime and the possibilities of things beyond our meager three dimensions. Mark Corroto (All About Jazz)

 

 

Sabiam que há um CD gravado em Portugal e anfitriado por um português que foi misturado / produzido por David Torn? Muito provavelmente não, e muitos serão os apaixonados pelos guitarrismos exploratórios que nas suas contas sobre o que aconteceu discograficamente em 2016 continuarão – apesar da presente chamada de atenção – a não se aperceber de que “Days Are Not Days” existe. Aliás, a etiqueta que o lançou, igualmente cá do burgo (Creative Sources), é mais ouvida lá fora do que dentro de portas, como vai sendo lamentável costume. E por que é que Torn está envolvido neste lançamento? Porque os músicos não portugueses que tocam nele são guitarristas que chamaram a atenção do também dedilhador de cordas que costuma editar pela ECM, designadamente Samuel Hallkvist e Stephan Sieben, dois nórdicos que se têm feito notar nos domínios do jazz eléctrico pós-fusão, do pós-rock e do noise. O tuga, esse, é Paulo Chagas, figura da “improv” que tem historial igualmente no jazz, no rock e no folk progressivos, aqui surgindo apenas com dois dos seus muitos instrumentos de sopro, o saxofone alto e a flauta.

A música é impossível de categorizar, pois é como que um edifício construído a partir dos escombros de vários outros com conceitos arquitectónicos distintos. O rock está muito presente, algo que não surpreende pelo facto de haver duas guitarras eléctricas em interacção permanente, mas percebendo-se que essa filiação é não só assumida como intencionada. São, no entanto, muitas mais as componentes, de uma visão milenarista da música de câmara a um entendimento experimental da electrónica, passando por iguais medidas de ambientalismo e bruitismo, aqui e ali com picantes temperos de free jazz. O resultado é altamente entusiasmante, tornando este título num dos mais importantes do ano, mesmo que não venha (querem apostar?) a aparecer nas listas de melhores em preparação. Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)