|
nekhephthu |cs102
|
|
A nom de musique, I'm guessing, Moimême has at a couple of prepared guitars in what might be called a primitive Rowe-ian fashion in the sense of minimal means and, as he puts it, "the dry output of an old valve amplifier". He works steadily and generally finds things of value, tending toward the dulcet and low-pitched. The shortness of the tracks (11 in 46 minutes) might act against him--I'd like to have heard several pieces developed at greater length--but as is, it's an enjoyable recording. Brian Olewnick (Just Outside) A
guitarra eléctrica é “o” instrumento do rock,
o seu máximo ícone. Mas as potencialidades totais da guitarra
só começaram a ser verdadeiramente exploradas a partir da
década de 1960 pelas músicas de vanguarda, nomeadamente
experimentais e particularmente nos contextos de improvisação.
Entre o discurso fragmentário de Derek Bailey (agora tornado instituição)
e a experimentação preparada de Keith Rowe (desde o início
dos lendários AMM), a guitarra passou a ser vista como instrumento
aberto, passível de uma completa desconstrução.
Ich ächze unter Nekhephthu (cs 102), E-Gitarrengekrabbel
des 1959 in Lisboa geborenen ABDUL MOIMÊME, meist präpariert,
ansonsten aber pur, intuitives, geradezu andächtiges Fingerspiel
als metalloid federndes und schnarrendes Plinkplonking. fArt Brut, wie
Spötter sagen würden, aber mir ist nicht nach Spott zumute.
Es ist zu schmerzhaft, sich die verbogenen Drahtstücke aus der Schwarte
zu ziehen. Rigobert Dittmann
(Bad Alchemy) The title, says the protagonist, is “probably a word from a long forgotten language”, while the music was made with a valve amplifier and a couple of prepared electric guitars, the whole recorded live sans overdubs or effects. Grimy, darkish textures tending to an oxidized sort of six-stringed malaise, a gritty tranquillity from which sparse noises and even less “musical” elements spring casually. There seems to be no deeper implication in what Moimême does, other than “constructing space in an organic manner” as per his very words. The problem is that, more than “organic”, this stuff sounds at times excessively frugal, lacking a real artistic sense. What in alternative hands might be recognizable as a generator of at least partially intriguing shades, here becomes the tool for a different kind of noise – sporadically pleasing, but in essence just noise. That said, some of the combinations are not so bad when left to resonate around without additional requests. Nevertheless, this is possibly one of the weakest albums of this group. Massimo Ricci (Temporry Fault) Feito o confronto entre os dois mais recentes discos de Abdul Moimême, Na Floresta da Chuva Eléctrica (sINK wRECORDS, CD-R 2002) e Nekhephtu (Creative Sources Recordings, 2009), é notória a evolução de um tipo de expressão musical estruturada a partir de matrizes como os blues nas suas diversas formas, e ambientes mais expansivos, inspirados no trabalho de outros improvisadores, para uma linguagem mais aberta e experimental. Entre o exploratório e o meditativo, Abdul Moimême tanto procura o inesperado como retoma vias anteriormente abertas, concepção que vai bem com os ambientes nocturnos que a instalação favorece e deles retira motivo e inspiração. Cada tema evidencia um desejo particular de espacialização e a tradução prática de uma ideia de composição instantânea, apoiada em texturas metálicas suspensas e em motivos de efémera construção. É manifesta a opção por um tipo de linguagem que favorece o risco e o desenho abstracto, com défice de dramaturgia e de ornamentação, servida por arranjos simples, nascidos do cruzamento de duas guitarras eléctricas, uma Fender Stratocaster e outra de manufactura própria, e de um amplificador de válvulas vintage. A partir desta preparação, a que não é estranha a utilização de objectos metálicos afins daqueles instrumentos, as sequências de Nekhephtu, escolhidas com critério e balanço harmónico, revelam à transparência os ecos de uma distância exterior à(s) realidade(s) física(s) que lhe servem de ponto de partida, meditações pessoais sobre os cambiantes do fluxo sonoro e as múltiplas formas através das quais se pode representar a organização do espaço. Eduardo Chagas (Jazz e Arredores) Mais
do que uma proposta musical, este trabalho apresenta uma visão
pessoal da criação artística. Como Cage, Abdul Moimême
reinventa a relação e o modo de utilização
das fontes sonoras, recorrendo a instrumentos preparados e tendo subjacente
ao carácter gestual e intuitivo da composição um
conceito - referindo-se ao seu espaço de criação,
Abdul define-o como uma reflexão sobre a intensidade da vivência
dos nossos dias. No fundo, traduz a definição de utopia:
a necessidade cíclica de distanciamento de uma realidade adversa
à liberdade individual da criação.
|