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Tão natural quanto o duo de voz e piano é a parceria entre uma flauta e uma guitarra. Em “Eight Improvisations” voltamos a testemunhar o encontro de duas gerações de músicos. O flautista é o veterano Neil Metcalfe, membro do Spontaneous Music Ensemble de John Stevens no período final deste grupo seminal da livre-improvisação britânica, e o guitarrista o jovem Daniel Thompson, um antigo aluno de John Russell, o que, de resto, se nota na abordagem às seis cordas.
Os dois intervenientes não podiam ter “backgrounds” e orientações mais diferenciados. Metcalfe tem feito um notável percurso na música antiga e na ópera, incidindo os seus esforços no ensino musical, e Thompson é, essencialmente, um autodidacta. O primeiro tem uma sonoridade lírica e uma intervenção estruturante e até estratégica, sempre seguro do que introduz (e não introduz) nas tramas, e o segundo é um instrumentista nervoso e que funciona por ímpetos, saltos em frente. Tal distinção é o que os torna tão complementares.
O que intriga neste disco é a perspectiva de descoberta, com tudo o que esta tem de infantil, pelo que os resultados não distam muito dos de “Space is Still the Place”. Cada improvisação surge como um jogo, incentivado pela curiosidade e pelo prazer das soluções que se vão encontrando. Um jogo sem enquadramento especialmente definido – se em Neil Metcalfe se identificam alguns fundamentos clássicos e de jazz, Daniel Thompson é uma carta fora do baralho. As suas referências estão na própria música improvisada, que não no jazz, no rock ou qualquer outro idioma musical.  Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)