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A gravação é de 2011 e há muito pedia que fosse editada em disco. Tal acabou por acontecer este ano (2016) na quase improvável Creative Sources – “improvável” dado o cunho acentuadamente jazzístico da música que nestes temas se ouve e “quase” porque a editora de Lisboa que nos habituámos a identificar com as tendências mais radicais da improvisação e da electroacústica até vem nos últimos tempos dando alguma atenção ao jazz. Em “Legacy of Ashes” encontramos dois elementos dos Tetterapadequ, quarteto que participou na recente edição do Jazz em Agosto, a tocarem com o trompetista Nate Wooley numa sessão ocorrida em Bruxelas.
Se as coordenadas são muito obviamente as do free jazz, se bem que numa abordagem mais reflectida e introspectiva do que é habitual encontrar nesta área, há uma geral preferência pelo tonalismo e pelo modalismo por parte de Wooley e do saxofonista Daniele Martini, com o português João Lobo mais focado na exploração de padrões rítmicos do que nas (des)construções texturais que vão sendo de regra. O tema “Operation Mocking Birds” é disso um exemplo, com o seu carácter africanista que parece resumir tudo o que se fez com tal alusão na história do jazz. Se os jogos estabelecidos entre o trompete e os saxofones (tenor e soprano) são bem interessantes, com Martini a exceder-se a si mesmo, o trabalho mais notável é desenvolvido pelo baterista. Este é, talvez, o melhor registo a ouvir para perceber a inteira dimensão das superlativas capacidades de João Lobo. Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)
Nate Wooley’s work moves in several directions, from the mystical intensity of his recurring Seven Storey Mountain and the classic free jazz of his quintet/sextet to the complex techniques that have defined his solo trumpet work. Along with that are regular partnerships, like those with drummer Paul Lytton and the trio Icepick with bassist Ingebrigt Håker Flaten and drummer Chris Corsano. These two recordings come from a broader category: ad-hoc improvised groups. While these two recent releases have waited a while to appear on disc, there’s plenty of musical substance on each.
Legacy of Ashes shares its title with Tim Weiner’s 2007 history of the CIA and the organization’s history informs its track titles as well, from “Dull, Duller, Dulles” to “Chasing El Lider Forever”. Though they could have been added at any time, the titles add material for reflection to this 2011 Brussels meeting of musicians from three NATO nations: Wooley (USA), saxophonist Daniele Martini (Italy) and drummer João Lobo (Portugal). Wooley opens “In China One Moonless Night” with an exalted longing that links to the lineage of lyrical trumpeters (Miles Davis, Don Cherry, Wadada Leo Smith), but the music shifts quickly to intense contrapuntal improvisation, whether the mood is combative, conspiratorial or celebratory.
Martini is a stellar saxophonist, contributing warm to explosive tenor while Lobo is a subtle, inventive drummer, finding fresh ways to hold the music together and press it along. “Operation Mocking Birds” is a highlight: mercurial soprano has a crowing force,
drumming is propulsive and when Wooley enters he supplies a complex blast that sounds like an amplified fan, anything but a trumpet. By the conclusion Martini and Wooley are animatedly echoing one another’s phrases. There’s a deliberateness about all the music here, driving forcefully and inventively ahead. Stuart Broomer (The New York City Jazz Record) |