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amoa hi cs367
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É com músicos portugueses que o improvisador e inventor de «esculturas sonoras», como lhes chama, Marco Scarassatti assina o seu trabalho mais próximo da mística indígena do Brasil, e se “amoa hi” não reproduz propriamente a música dos índios do Amazonas, adopta o espírito desta de forma brilhante. Com um forte cariz imagético – poderia funcionar como a banda sonora de um filme etnográfico ou, melhor ainda, de ficção –, os seis temas (todos improvisações) reunidos não só têm como títulos expressões autóctones (exemplos são “ayokora”, “rõrõ konari” ou “remoremo moxi”) como nos induzem imagens da floresta profunda, “entregando-nos” as mesmas com uma aura de mistério e um carácter onírico que nos leva a querer parar tudo o que estamos a fazer para nos deixarmos transportar por este mundo acústico muito próprio. Fica imediatamente claro que, se os nomes de Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues e Nuno Torres figuram ao lado do de Scarassati na bela capa (de Carlos Santos), este é, sobretudo, um disco do artista sediado em Belo Horizonte. As coordenadas derivam da tendência reducionista da improvisação, como esta dando primazia aos timbres e às texturas, mas a permanente agitação distingue a proposta de tudo aquilo que se fez sobre a bandeira do “near silence”. Em termos de filiação estética, terá mais que ver com as abordagens de um Hugh Davies, uma das referências maiores da criação musical com novos instrumentos, na associação deste com músicos que utilizavam instrumentos convencionais com técnicas extensivas e vocabulários alternativos. Mas tem algo mais que se lhe diga, e isso é, aqui, o essencial: uma espécie de neoprimitivismo que procura regressar à origem da organização dos sons para propor outro caminho que não o tomado pela música ocidental. Sublimes momentos vos esperam. Rui Eduardo Paes (Jazz.pt) Após Rios Enclausurados e Rumor, Scarassatti lançou este ano Amoa Hi, também pelo selo português Creative Sources, também gravado em uma sessão de improviso, desta vez ao lado de Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues e Nuno Torres. Mais atmosférico e musicalmente direcionado do que os anteriores— percebemos de fato um conjunto de músicos construindo uma estrutura musical, com momentos e progressões — Amoa Hi é também mais diversificado na paleta de sons. Serialismo drone, em que cada linha se entrelaça com a outra, e assim por diante. Bernardo Oliveira (O Cafezinho) Fort heureusement, Creative Sources publie des compacts insérés dans des pochettes cartonnées nettement plus plates et commodes à ranger que les anciens jewel-box plastiques cassables et moins esthétiques. My discussion of Chant from a couple of weeks ago seems like a good starting point for a discussion of some recent releases from Ernesto Rodrigues & Creative Sources. The first album I want to mention especially is Amoa hi, recorded in Lisbon this past March by a quartet consisting of Ernesto & Guilherme Rodrigues (the latter also on pocket trumpet, in addition to his regular cello), frequent collaborator Nuno Torres on alto sax, and Marco Scarassatti (b.1971) on self-made instruments. The instrument (or instruments) is called the "kraiser" on the album, and whereas I wasn't able to determine exactly what that is, there is a Youtube (a site I do not suggest that you support) video of Scarassatti in a duo improvisation with a Marcelo Kraiser, and I assume that the sorts of objects they use are similar, perhaps identical. Scarassatti is a professor in Brazil, and "amoa hi" is the (mythical, if you will) "song tree" of the Yanomami (described elsewhere as "forest people") of Northwest Brazil. Whereas Chant includes explicit invocations of serial music & other contemporary "classical" techniques, Amoa hi is more generally evocative of an environmental setting & human activity. It's not an exploration of audibility, but there is a definite sense of emergent sound amidst a breathing-like pulse of tension & relaxation. In this case, what we might imagine as sounds of the forest are mediated more by distant human banging or traffic than by classical abstraction, and such "echoes" can mark a change of scene. The plucking & rubbing & such involved might suggest something of the "energized surfaces" of Gino Robair (such as on The Apophonics On Air, an album that comes off sounding much more like a standard sax trio in this context), and the overall texture & pace of the quartet remind me a bit of the Sandra Weiss Quintet on Ramble. In all three cases, I imagine that actually watching the performers would be illuminating, and the kraiser of Amoa hi does remain something of a mystery as it intersects with some of the more standard concerns of the Rodrigueses. (And I have watched people play some rather elaborately home-welded objects here in California, so might have some reasonable guesses as to what's involved.) Much of the mood, including a focus on strings, does seem rather similar to that of Chant, although here involving more the hustle of modern industrial life (at a distance) than an abstract literary pole. 26 October 2016. Todd McComb's Jazz Thoughts The world of the American maverick composers and performers, including still controvertial figures such as Harry Partch, Henry Brant and Anthony Braxton, bears intergenerational fruit on this fascinating and beautiful quartet session. Marco Scarassatti's self-made instruments are placed in the service of Creative Sources stalwarts Ernesto and Guilherme Rodriguez along with Nuno Torres, wielding their standard viola, pocket trumpet and cello to create luscious but sparse soundscapes that traverse the no-man's land between Spontaneous Music Ensemble and much of what the Wandelweiser label releases. Titled for the Amazonas Indians, Brazilian sound sculptor Marco Scarassatti performs on his self-made instrument the Kraiser in a quartet with Creative Sources regulars Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues, and Nuno Torres for a dream-like set of improvisations named with indigenous expressions, blending neoprimitivism with creative acoustic improvisation. (Squidco) |